O presidente do Chega, André Ventura, reuniu-se esta quinta-feira, em Roma, com o vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini. A reorganização da direita europeia e a preparação da entrada do Chega no Parlamento Europeu foram o mote para o encontro na capital italiana.
As eleições europeias estão marcadas para daqui a um ano, em junho de 2024, e Ventura já definiu como meta o partido alcançar 15% dos votos. Ainda sem se vislumbrar um cabeça de lista, que deverá ser escolhido apenas em setembro, estas serão as primeiras europeias às quais o Chega vai concorrer com listas próprias, apesar de André Ventura ter sido cabeça de lista da coligação Basta! em 2019, que juntou o seu partido e ainda o Partido Popular Monárquico (PPM), o Partido Cidadania e Democracia Cristã (PPV/CDC) e o movimento Democracia 21.
Caso consiga eleger o seu primeiro eurodeputado, o Chega integrará o grupo europeu Identidade e Democracia (ID), que reúne partidos de extrema-direita europeia, como a Liga de Matteo Salvini ou a Frente Nacional de Marine Le Pen. O ID é atualmente a quinta força política no Parlamento Europeu, com 73 deputados.
No encontro desta quinta-feira em Roma, sabe o Nascer do SOL, o secretário-geral da Liga também terá transmitido ao líder do Chega a «esperança de uma mudança à direita na Península Ibérica num muito curto espaço de tempo, com as participações do Chega em Portugal e do Vox em Espanha» em soluções de governação.
Numa conferência de imprensa, no final do mês passado, Ventura quis garantir que, enquanto liderar o Chega, «nunca mais» o partido será apenas incluído em soluções de apoio parlamentar. «Nem nos Açores, nem na Madeira nem no parlamento nacional. O Chega ou é solução de Governo, ou não é solução de todo», assegurou.
Na altura, o presidente do Chega afirmou que estes os próximos desafios eleitorais das regionais e das europeias podem dar um «sinal claro de alternativa, de maioria» à direita, manifestando esperança que desta forma o Presidente da República dissolva a Assembleia da República e convoque eleições legislativas antecipadas.
Na mesma ocasião, Ventura recordou que Marcelo Rebelo de Sousa tem dito «que não dissolve o Parlamento porque não sente que haja uma alternativa», sendo a sua expectativa que, ao sair vencedora das eleições regionais e europeias, a direita dê um «sinal ao Presidente da República de que há uma maioria política» para governar o país.
Já em Espanha, nas eleições autárquicas e autonómicas de 28 de maio, a expressiva vitória de Alberto Feijóo, líder do PP (partido irmão do PSD), alimentam a expectativa de que no país vizinho possa acontecer uma viragem de ciclo político à direita, ainda que o PP se veja obrigado a fazer acordos com o Vox (partido irmão do Chega) para governar.
Tal como Ventura, Santiago Abascal, líder nacional do Vox, já declarou que não quer que o partido repita «o erro» de Andaluzia ou Madrid, em que viabilizou executivos do PP sem participar neles, mas quer sim soluções como a de Castela e Leão, onde garantiu a vice-presidência e três dos dez lugares do executivo.
É por essa razão que em Itália também não se ignora que a concretização dessa aliança entre PP e Vox, depois das eleições espanholas em julho, poderá ser um impulso para uma solução semelhante entre PSD e Chega em Portugal mais adiante.
De resto, sabe também o Nascer do SOL, o encontro entre André Ventura e Matteo Salvini teve ainda na agenda a «excessiva islamização da União Europeia», tendo sido celebrado um pré-acordo entre os dois líderes partidários sobre essa matéria.