A procissão ainda vai no adro quanto ao facto de Portugal querer retirar a China – e consequentemente a Huawei – do processo do 5G. A medida foi vista com bons olhos pela Comissão Europeia e também pelos Estados Unidos, mas o país asiático não entende a decisão da mesma maneira.
A decisão foi lançada pelo Conselho Superior de Cibersegurança de Portugal mas os detalhes não são muitos além dessa decisão e o Governo ainda não teve uma palavra a dizer.
Do lado da Comissão Europeia chegaram aplausos. «Louvo o Conselho [Superior] de Cibersegurança de Portugal pela sua decisão ponderada de implementar o conjunto de ferramentas de segurança 5G da UE», escreveu a vice-presidente executiva do executivo comunitário com a pasta do Digital, Margrethe Vestager, numa publicação rede social Twitter, destacando ainda que «as ameaças não têm lugar e não dissuadirão a Europa de tomar medidas legítimas para proteger as suas infraestruturas críticas».
E, depois deste elogio, Bruxelas pode ir ainda mais longe. Segundo o Finantial Times, a União Europeia (UE) pondera proibir as telecom dos 27 Estados-membros de recorrerem a empresas consideradas como um risco à segurança das redes 5G e, citando fontes ligadas ao processo, o objetivo é excluir a Huawei das redes de quinta geração.
No entanto, é preciso ter em conta que é «improvável», dizem as mesmas fontes, que Bruxelas force os Estados-membros a tomarem medidas durante o atual mandato, que apenas termina no final de 2024.
Ainda no que diz respeito à decisão portuguesa, o problema pode não se ficar por aqui tendo em conta que a China já avisou que a decisão terá consequências e não pretende aceitar esta proibição nacional, ameaçando até tomar medidas políticas contra Portugal e usar a sua influência em empresas como EDP, REN, Mota-Engil e BCP.
Já a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa disse em declarações ao Eco que este tema pode ter um «efeito negativo nos demais investidores, consequências no desenvolvimento de Portugal e nas excelentes relações entre Portugal e a República Popular da China».
Os dados mais recentes mostram que a China é o quarto investidor estrangeiro em Portugal, com um volume de investimento de 11,22 mil milhões de euros só no ano passado.