por João Sena
A época de clubes terminou com a final da Liga dos Campeões, mas ainda não é tempo de férias. De 16 a 21 de junho realizam-se os jogos da 3.ª e 4.ª jornada da fase de qualificação para o Campeonato da Europa, que se realizará na Alemanha no próximo ano, e tendo em conta a qualidade da equipa das quinas o objetivo é ganhar e garantir o apuramento para mais uma grande competição internacional e acabar de vez com algumas dúvidas que possam existir sobre o novo ciclo na seleção.
A dupla jornada frente à Bósnia e Herzegovina, no Estádio de Luz, dia 17, e Islândia, em Reykjavik, dia 20, constitui uma nova oportunidade para o selecionador Roberto Martínez aprofundar o conhecimento sobre a equipa portuguesa em cenário de competição e, ao mesmo tempo, descobrir novos jogadores. À exceção dos campeões europeus Rúben Dias e Bernardo Silva que estiveram a jogar até sábado, todos os outros convocados tiveram alguns dias para descansar e vão chegar ao estágio com outra frescura física e mental, aspeto bastante importante para dar a melhor resposta com as cores da seleção nacional.
A mais recente convocatória ficou marcada por uma novidade que foi a inclusão do defesa do Wolverhampton Toti Gomes, um jogador muito forte fisicamente que pode jogar a central ou no lado esquerdo, e pelos regressos de Renato Sanches e Nélson Semedo, que há muito estavam afastados da seleção. Sem surpresas, Rúben Dias e Bernardo Silva estão entre os 26 eleitos pelo selecionador, e podem chegar à seleção mais fatigados mas, seguramente, muito mais confiantes depois da tripla conquista ao serviço do Manchester City. Só a Inglaterra entra para este apuramento com mais campeões europeus do que Portugal. De salientar ainda que os dois portugueses foram escolhidos pela UEFA para a equipa do ano da Liga dos Campeões.
A entrada de novos jogadores compensou a inesperada renúncia de João Mário à seleção. Sobre esta saída, o selecionador garantiu que “o estágio anterior foi muito bom, com um ambiente positivo” e que se “deve respeitar a decisão do jogador”. Alguns dias mais tarde, o médio de 30 anos não resistiu a dizer que a decisão de deixar a seleção nacional está relacionada com a escassa utilização nos jogos de março.
Manter a pressão
Portugal está no grupo J e tem como adversários a Bósnia e Herzegovina, Islândia, Luxemburgo, Eslováquia e Liechtenstein. Perante adversários deste calibre, não é exagero dizer que a
a seleção nacional tem condições para vencer quem quer que seja. Agora que João Félix, Gonçalo Ramos e Rafael Leão são soluções de futuro e Bruno Fernandes tem cada vez mais influência no jogo da equipa, é de esperar o melhor.
Nas duas primeiras jornadas, a seleção nacional goleou o Liechtenstein (4-0) e o Luxemburgo (6-0), porventura as equipas mais fracas do grupo, mas as facilidades podem ter acabado. A seleção nacional lidera o grupo com duas vitórias e sem golos sofridos, a Eslováquia ocupa o segundo lugar com menos dois pontos. Os dois primeiros classificados de cada grupo qualificam-se diretamente para a fase final (de 14 de junho a 14 de julho), cuja venda de bilhetes se inicia a 3 de outubro de 2023.
Em termos teóricos, a Bósnia e a Islândia são os principais adversárias de Portugal na fase de apuramento. Contudo, as duas primeiras jornadas trouxeram surpresas, com a Bósnia a golear a Islândia (3-0), para logo a seguir perder com a Eslováquia (0-2). Perante estes resultados, fica a dúvida sobre o que podem fazer os próximos adversários de Portugal na ronda seguinte. Relativamente à Bósnia, Roberto Martínez disse ser “uma equipa que joga com um espírito muito forte. Tem um novo treinador, joga com uma tática que potencia os jogadores chave da equipa, como Dzeko e Krunic. Fizeram um bom jogo contra a Islândia, mas frente à Eslováquia não foram tão bons no primeiro tempo. Será um jogo importante para nós e precisamos de estar ao mais alto nível”, afirmou o técnico. Portugal defrontou quatro vezes a Bósnia em palyoffs de apuramento para o Mundial de 2010 e do Euro 2012, que correram sempre bem; venceu três vezes e empatou uma, tendo marcado oito golos e sofrido dois.
Três dias depois de receber a Bósnia no Estádio da Luz (com lotação esgotada), a seleção viaja atá à Terra do Gelo para defrontar a Islândia, em campo sintético, uma seleção que já teve melhores dias, nomeadamente quando surpreendeu muito boa gente no Euro 2016, começando por Portugal que saiu desse jogo com um empate (1-1). A Islândia começou o apuramento para o próximo europeu com uma derrota, mas redimiu-se com a goleada (7-0) em casa do Liechtenstein. O histórico das partidas frente à Islândia é também favorável às cores nacionais. As duas seleções defrontaram-se três vezes, com duas vitórias e um empate de Portugal, com nove golos marcados e cinco sofridos.
A dupla jornada de junho pode ser a altura de Cristiano Ronaldo reforçar a sua presença na seleção nacional. Se CR7 jogar, como se espera, contra a Bósnia e Herzegovina e a Islândia chegará às 200 internacionalizações, eventualmente com mais alguns golos.
Liga das Nações
Na mesma altura em que se joga o apuramento para o Euro 2024, tem lugar a fase final da Liga das Nações. Amanhã joga-se a primeira meia-final entre os Países Baixos, anfitrião da prova, e a Croácia, terceira classificada no Mundial do Qatar, e na quinta-feira disputa-se a segunda meia-final entre a Itália, atual campeã europeia, e a Espanha. Os vencedores disputam a final e os derrotados defrontam-se no jogo do 3.º e 4-º lugares, as duas partidas realizam-se no domingo. Portugal venceu a primeira edição da Liga das Nações, em 2019.