Rezam as crónicas que é o melhor artista de arte sacra contemporânea – com obra em Portugal – mas também é público que não resiste a assediar freiras, sendo mesmo acusado de várias agressões sexuais ao longo dos últimos anos. O padre Marko Ivan Rupnik, depois de se ter provado que não consegue entrar no «caminho da verdade», acaba de ser demitido da Companhia de Jesus pelo conselheiro geral dos Jesuítas, Johan Vershueren. Segundo a imprensa italiana especializada, a decisão foi tomada «por causa da sua obstinada recusa em observar o voto de obediência».
Os responsáveis eclesiásticos tudo tentaram para o afastar do ‘pecado’, tendo mesmo chegado a transferi-lo para um lar de padres idosos, mas sem grandes resultados, pois o mesmo foi visto este mês a passear na Bósnia e Herzegovina e na Croácia.
Marko Rupnik, com obra nos principais santuários católicos, foi o autor do mosaico colocado na parede de fundo do presbitério da Basílica da Santíssima Trindade, em Fátima, e atualmente trabalhava no projeto da nova igreja da paróquia de Canidelo, em Vila Nova de Gaia.
Em entrevista ao semanário Igreja Viva, suplemento do Diário do Minho, em abril, Rupnik explicava a sua inspiração artística. «O objetivo principal de todas as obras que visam construir espaços litúrgicos é o de criar lugares que expressem a Igreja, lugares onde o fiel encontra e reencontra a sua identidade. As paredes da igreja são imagens da Igreja, e isso significa que não é apenas um espaço, mas um espaço que reflete aqueles que vivem nele», disse ao semanário português.
Na mesma ocasião, o padre artista considerava que «a cultura ocidental deu precedência à verdade e ao bom». «A própria teologia tem a arte, e não a filosofia, como o seu primeiro amor. A arte tem sempre uma ligação com a vida, enquanto o pensamento, o conceito e a ideia levam-nos à abstração. Apenas a partir de uma nova vida é que uma nova arte e cultura nascerão».
Não se sabe se a obra sofrerá alterações e se o artista continuará o seu trabalho, mas sabe-se que noutras latitudes, nomeadamente em França, há algum tempo que se discute se se deve ou não substituir as obras do padre esloveno, de 68 anos. Os mosaicos da fachada da basílica do Santuário de Lourdes, da responsabilidade do atelier de Rupnik, foram instalados em 2008, e na altura dividia as opiniões, mas agora a contestação deve-se à vida do artista e, por isso, o bispo responsável pelo Santuário admite que a obra possa ser removida.
O teólogo jesuíta já tinha sido acusado por nove religiosas, de casos que se terão passado nos anos 90, mas os mesmos terão prescrito, sendo os processos arquivados. Só que Rupnik tinha uma obsessão com freiras e os novos casos sucederam-se. O artista, autor de mais de 200 obras, tem mosaicos nos mais importantes santuários católicos do mundo.