Serviço de excelência para chegar ao topo

Ao vencer pela terceira vez o Torneio de Roland Garros, tornou-se o tenista mais titulado do mundo com 23 triunfos em provas do Grand Slam. Nem Rafael Nadal resistiu ao furação sérvio.

Aos 36 anos, Djokovic entrou, definitivamente, na história do ténis mundial. Desde domingo que é o jogador com mais vitórias em torneios do Grand Slam, composto pelos quatro eventos mais importantes do ano: Open da Austrália, Wimbledon, US Open e Roland Garros, e recuperou o primeiro lugar do ranking da Associação de Tenistas Profissionais (ATP). 

Na final de Roland Garros derrotou facilmente o norueguês Casper Ruud, número quatro mundial, em três sets, e acabou deitado no court a chorar. Já refeito da emoção, reconheceu que «é um dos títulos mais importantes da minha carreira». «Sabia que podia fazer história e mentiria se dissesse que não senti o momento». Muitos já o consideram o GOAT (Greatest Of All Time) do ténis, mas Djokovic passa ao lado dessa discussão. «Sinto que é um desrespeito por todos os campeões de diferentes eras do nosso desporto, em alturas em que o ténis era jogado de forma diferente. Todos esses campeões deixaram o seu legado. Deixo as discussões sobre o melhor de todos os tempos para vocês [jornalistas]», disse. GOAT ou não GOAT, a verdade é que Djokovic venceu 23 das 34 finais disputadas! 

Na hora do triunfo, fez uma confidência curiosa: «O Federer e o Nadal foram fundamentais na minha carreira, eles definiram o que sou enquanto jogador. Fizeram de mim muito melhor tenista. Passei imensas horas a analisar e a pensar como poderia derrotá-los. Eles ocuparam a minha cabeça durante muito tempo e é incrível estar à frente deles em Grand Slams».  

Pouco depois de se tornar o jogador mais titulado nos torneios majors, partilhou uma mensagem para os mais novos. «Fui um menino de sete anos que sonhava ganhar Wimbledon e ser número um. Sou um sortudo por ter conseguido grandes feitos. Sinto que tenho o poder de criar o meu próprio destino. Tento visualizar cada coisa na minha vida e não apenas acreditar nisso. Vive o momento presente e esquece o que aconteceu no passado. O futuro é algo que vai acontecer, se queres um futuro melhor podes criá-lo. Assume as rédeas e acredita», concluiu.

Amor pelo desporto

Djokovic pertence a uma família de desportistas, o seu pai Srdjan Djokovic jogou futebol e os tios foram esquiadores profissionais. Começou a jogar ténis aos quatro anos. Entre os 12 e os 14 anos frequentou a Niki Pilic Tennis Academy, em Munique, e fez sua estreia como tenista profissional, em 2003, com apenas 16 anos. «O ténis foi uma bênção na minha vida, deu-me muitas coisas. Sempre tive grande amor pelo desporto e, de certo modo, o ténis salvou-me a vida. Tive muita sorte de possuir uns pais que acreditaram nas minhas capacidades», declarou o sérvio. 

Ainda em criança, viveu a realidade da guerra na antiga Jugoslávia e assistiu ao aparecimento de novas nações independentes. «A guerra é algo que não desejo a ninguém. Significa destruição e perder família e pessoas queridas», referiu Djokovic ao jornal La Nación. 

Em 2006, venceu o primeiro torneio ATP, no ano seguinte estava entre os dez melhores tenistas do mundo e, em 2008, era considerado um dos grandes atletas a nível mundial. A partir daí, mais ninguém o parou. O seu domínio em todas as superfícies (relva, terra e sintético) é impressionante. Vejamos: foi o primeiro tenista a vencer, pelo menos, três vezes os quatro torneios do Grand Slam. Simplesmente notável. Além de vencer os torneios de elite, Djokovic conquistou também 38 torneios ATP 1000, tendo vencido todos, no mínimo, duas vezes, e seis torneios ATP de final de ano. Feitas as contas, Djokovic venceu 94 torneios na carreira e não foi só em singulares, venceu também três torneios por equipas (seleção da Sérvia) e um torneio de duplas. Consequência direta, foi o primeiro jogador de ténis a rondar os 170 milhões de dólares em prémios. Mas há mais: o tenista foi o número um do mundo durante 388 semanas, ultrapassando Roger Federer, que ocupou o primeiro lugar por 310 semanas.

A história por vezes repete-se e “Nole”, como é conhecido entre os seus, já é uma inspiração. Sempre muito profundo na forma como se expressa nas redes sociais, Stefanos Tsitsipas, outro grande dos courts, deu os parabéns Djokovic pelo feito alcançado em Roland Garros e deixou uma mensagem no Twitter. «Nole, tocaste os nossos corações com o teu espírito que nunca desiste e forte determinação. A tua capacidade para dar a volta aos desafios tornou-se um símbolo de esperança para os adeptos em todo o mundo. Obrigado por nos mostrares que com trabalho e paixão os sonhos podem tornar-se realidade», partilhou o grego.

Djokovic é das figuras mais conhecidas do desporto mundial e é dos tenistas mais extrovertidos e as suas brincadeiras tornaram-se famosas. Já entrou no court fingindo ser médico, já fritou um ovo no piso escaldante do Open da Austrália e continua a imitar na perfeição outros tenistas como Rafael Nadal, Roger Federer e Maria Sharapova. Em Roland Garros, cantou o tema “Cantá conmigo”, muito usado pelo “hinchas” argentinos nos estádios de futebol.

Fora dos courts

Djokovic tem vida para além do ténis. Em 2007, criou a Novak Djokovic Foundation, que é dirigida pela sua mulher Jelena, com o objetivo de ajudar na educação das crianças na Sérvia. Lançou também a revista Original, direcionada aos estudantes sérvios. Nos últimos três anos esteve no centro de algumas polémicas devido à sua atitude negacionista sobre a pandemia e por se recusar a tomar a vacina contra a covid-19. Por essa razão, foi afastado do Open da Austrália e mais tarde do Open dos Estados Unidos. l