Portugal é candidato a vencer o Campeonato da Europa de Sub 21, mas os três jogos da fase de grupos foram uma deceção. Depois da derrota comprometedora frente à Geórgia (0-2) e do empate (1-1) com os Países Baixos, Portugal tinha obrigatoriamente de vencer a Bélgica e esperar que os neerlandeses não vencessem o seu jogo. Portugal teve mais sorte do que futebol, e o apuramento foi conseguido aos 89 minutos graças a uma grande penalidade infantil cometida pelo defesa belga, que deu uma cotovelada em Henrique Araújo, numa jogada sem grande perigo, pois a bola andava pelo ar. Pode dizer-se que foi um penálti caído do céu que colocou a seleção nos quartos de final, como segundo do grupo, atrás da Geórgia. No jogo decisivo, a defesa cometeu erros primários, o ataque não criou ocasiões de golo e toda a equipa jogou sem critério.
Foi um João Neves inspirado que deu vantagem a Portugal com um belo golo. Estranhamente, a equipa nacional recuou e deu vida à Bélgica, que empatou. Quando tudo indicava o regresso a casa, surgiu o penálti que Tiago Dantas converteu, e quem foi para casa foram os belgas, que revelaram mau perder com atitudes inqualificáveis. Não fazem falta.
O selecionador Rui Jorge reconheceu: «Cometemos alguns erros individuais e tivemos sorte de não sermos penalizados por isso. Mantivemos a boa organização e conseguimos ter um pouco mais de qualidade com bola. Ainda assim, não foi aquela que desejamos. Depois, o carácter dos jogadores e a força de vontade permitiu-nos lutar pela vitória e consegui-la. Num jogo em que temos de vencer, não é fácil sofrer um golo a 15 minutos do final e voltar ao jogo».
Coube a Tiago Dantas converter o penálti decisivo. «Foi com grande felicidade que vi a bola entrar. É um dos golos mais importantes da minha carreira. Mas o mais importante é a passagem à próxima fase. O mister deu-nos palavras de coragem, que nos incentivam ainda mais para os próximos jogos. Agora com o alívio de termos passado vamos ainda jogar mais para conseguir aquilo que ainda não conseguimos», afirmou o médio.
Portugal tem jogadores de qualidade, mas o nível podia ser mais elevado se tivesse podido contar com os lesionados Fábio Vieira, João Mário e Tomás Tavares, e alguns Sub 21 que deram o salto para a seleção principal, caso de António Silva, Gonçalo Ramos, Vitinha e Gonçalo Inácio. É isso que fazem outras seleções, caso da Bélgica, que alinhou com quatro jogadores da seleção A. Mas a ausência destes nomes não justifica a fraca qualidade do futebol de Portugal, embora tenha conseguido o primeiro objetivo que era a qualificação para os quartos de final. O jogo de domingo (17 horas, RTP 1) contra a Inglaterra – uma das equipas mais fortes do torneio, que não sofreu qualquer golo até ao momento – pede uma atitude diferente e mais concentração. «Acho que ainda nos falta demonstrar alguma coisa daquilo que nos trouxe até aqui», afirmou o selecionador.