Contagem decrescente para a Cofina mudar de mãos

A Cofina já confirmou que recebeu proposta de compra feita por quadros da empresa, aos quais se juntam, pelo menos Cristiano Ronaldo. Empresa pode estar prestes a mudar de mãos.

A Cofina pode estar mesmo prestes a mudar de mãos. O Management Buy Out (MBO) que está a ser liderado por Luís Santana, atual gestor da Cofina, e o antigo diretor do Correio da Manhã, Octávio Ribeiro, já tinha sido anteriormente confirmado e o grupo liderado por Paulo Fernandes até confirmou que já recebeu a proposta subscrita por Ana Dias, Luís Santana e Octávio Ribeiro, aos quais se juntam um conjunto de investidores não identificados. No entanto, depois de muito se especular, sabe-se agora que um desses investidores é Cristiano Ronaldo que será acionista de referência do grupo Cofina – que detém a CMTV, o Correio da Manhã e o Jornal de Negócios, Record e Sábado – e que deverá ficar com uma posição na ordem dos 30%. Pelo que se sabe, o futebolista parece estar entusiasmado com o negócio. «O Cristiano Ronaldo, o melhor futebolista de sempre, um atleta de exceção e um português de referência de quem muito nos devemos orgulhar como nação, com valores como a exigência, vir participar num grande projeto de media que partilha os mesmos valores, será sempre, naturalmente, um grande motivo de satisfação e orgulho para a equipa que está a desenvolver o Management Buy Out da Cofina Media», confessou Luís Santana.

A Cofina tem cerca de 60 dias para responder a esta proposta e só depois se saberá se mudará de mãos ou não. No entanto, o Nascer do SOL sabe que este tipo de operações nunca são hostis, o que leva a crer que o grupo liderado por Paulo Fernandes poderá dar o ok a este negócio, sendo certo que o dono do grupo sempre esteve aberto a ofertas.

Entretanto, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) levantou, no início da semana, a suspensão das negociações das ações da Cofina, que vigorava desde a passada sexta-feira, quando foi noticiado que Cristiano Ronaldo seria investidor na Cofina Media.

O levantamento da suspensão da negociação das ações Cofina, SGPS, SA, decorreu «na sequência da divulgação de informação relevante ao mercado», referia a CMVM.

Nesse comunicado, a empresa indica a oferta prevê um «preço calculado considerando um Enterprise Value (incluindo a dívida que era de 25,6 milhões de euros no final do ano passado) de 75 milhões de euros, sujeito a condições e ajustamentos». A proposta está numa fase preliminar de avaliação. A empresa já comunicou aos proponentes que o prazo de cinco dias úteis por estes proposto para decisão da Cofina revela-se insuficiente, tendo pedido 60 dias «prorrogáveis unilateralmente tendo em conta critérios de razoabilidade e na medida do necessário».

Quando tudo começou

Foi no final do mês de maio que o tiro de partida foi dado. Luís Santana anunciou avançar com o MBO. «Eu e um conjunto de quadros da Cofina Media, estamos a preparar um Management Buy Out, que planeamos apresentar oportunamente ao acionista da empresa, com o qual não temos mantido qualquer tipo de negociações», disse Luís Santana, Administrador Executivo da Cofina Media.

O motivo desta operação deve-se ao facto de «a equipa ter um conhecimento profundo da Cofina Media, um projeto vencedor, credível e independente. A motivação para este negócio passa pelo desenvolvimento do seu modelo de negócio, ao mesmo tempo que se garante a sua independência, pois entendemos que um projeto jornalístico só o é se for independente».

Numa nota por essa altura enviada ao Nascer do SOL, defende que a equipa «está consciente que haverá forças que se movem para prejudicar esta operação, o que não constitui uma surpresa, tendo em conta que, há interesses nas sociedades atuais que se movimentam no sentido de reduzir ou anular os media independentes, corajosos e ao serviço dos leitores e da sociedade».

 O administrador executivo da Cofina Media garante que o projeto vai assegurar o necessário financiamento junto, «em primeiro lugar dos promotores do MBO, mas também junto das instituições financeiras e de investidores nacionais idóneos e confortáveis com a independência dos media, único garante da credibilidade e do sucesso empresarial da Cofina Media», acrescentando que a «independência que caracteriza os meios da Cofina Media é um valor de que a equipa não abdica, assegurando desta forma a sua sustentabilidade, garantindo aos portugueses que em momento algum ficará refém de qualquer tipo de interesses, sejam eles de âmbito político, económico, religioso ou desportivo».

Recorde-se que um Management Buy Out é uma aquisição de uma empresa por parte dos seus gestores. O processo ocorre normalmente quando os gestores da empresa trabalham lá há alguns anos e que devido ao seu conhecimento e experiência, podem ver uma oportunidade de comprar.

 Os motivos são diversos, mas podem acontecer quando a empresa está sob ameaça de ser comprada por um concorrente, o que pode ser esse o caso devido ao interesse já mostrado pela Media Capital.

No entanto, é preciso ter em conta que quem apresenta esta proposta não terá 100% do financiamento e, por isso, é preciso primeiro arranjar investidores. E Paulo Fernandes, CEO do grupo Cofina – Cofina SGPS e Cofina Media – não poderá rejeitar o negócio a não ser que essa rejeição seja aprovada em Assembleia Geral.

Sabe-se para já que o negócio tem pernas para andar caso o valor da oferta seja compatível e o objetivo desta operação é garantir independência e autonomia.

A operação poderá durar alguns meses e a Media Capital continua a ser livre de entregar as propostas que entender que não deixarão de ser analisadas e os quadros do grupo não terão preferência face às outras propostas.