O presidente da Câmara de Lisboa disse, esta quinta-feira, que foi "absolutamente vergonhoso" o ataque político que foi feito a uma operação de limpeza "muito normal" na Avenida Almirante Reis, no âmbito da Jornada Mundial de Juventude (JMJ).
"Falámos com as pessoas sem-abrigo, estávamos a limpar toda uma zona da cidade e, portanto, essa limpeza é uma limpeza que as pessoas agradecem, porque a avenida estava suja", afirmou Carlos Moedas, à margem da assinatura de um protocolo disponibilizar mais de cem escolas para alojamento dos peregrinos da JMJ.
Para o autarca, a reação à limpeza da zona, muito procurada pelos sem-abrigo da cidade, tratou-se de "uma atitude completamente politizada sobre o trabalho que é feito em Lisboa sobre as pessoas em situação de sem-abrigo".
"Nós investimos mais do que ninguém naquilo que são as pessoas em situação de sem-abrigo: sete milhões de euros. Temos soluções de dar casas a estas pessoas, que já chegam a 400 casas, e aquilo que fizemos e que foi atacado politicamente é absolutamente vergonhoso", disse, sublinhando que as tendas continuam a estar na Avenida Almirante Reis.
"Vão lá, as pessoas estão lá, mas eu gostaria é que as pessoas pudessem estar noutros sítios, não estivessem na rua. É para isso que nós trabalhamos todos os dias", afirmou.
O autarca sublinhou ainda que "é ofensivo atacar equipas da câmara, que trabalham com pessoas em situação de sem-abrigo, conhecem essas pessoas pelo nome, que trabalham com elas todos os dias, que as apoiam todos os dias, [ao] dizer que havia ali alguma manipulação ao tirar as pessoas".
Recorde-se que a polémica estalou depois de a vereadora do Bloco de Esquerda Beatriz Gomes Dias ter solicitado esclarecimentos, através de um requerimento, sobre as ações previstas junto das pessoas em situação de sem-abrigo, tendo manifestado "enorme estupefação" com a iniciativa de limpeza da avenida.
"As pessoas em situação de sem-abrigo não podem ser ameaçadas de 'limpeza'. Ao invés, devem ser apoiadas. Afastar das ruas esta população vulnerável, pela força, é típico de políticos autoritários que pretendem esconder os resultados da sua má política perante os visitantes", lê-se no requerimento do BE, dirigido ao presidente da câmara.