Espanha entre uma geringonça à esquerda e novas eleições

José Luís Feijóo, líder do PP, tem um caminho muito estreito para conseguir chegar à chefia do Governo. 

Menos de vinte e quatro horas depois de conhecidos os resultados, começaram os contactos políticos para tentar encontrar uma solução política que possa viabilizar um governo em Espanha. Com contas muitos complicadas à esquerda e à direita, em resultado do cenário político saído das eleições de domingo, neste momento as hipóteses mais prováveis são uma coligação à esquerda com Pedro Sánchez a manter-se na presidência do Governo, apesar de ter perdido as eleições, ou a repetição de eleições próximas do final do ano.

Para conseguir manter-se à frente dos destinos de Espanha, o PSOE tem de negociar com movimentos independentistas como o EH Bildu (herdeiro do braço político da ETA) e o Juntos pela Catalunha de Carles Puigdemont (o antigo presidente do Governo Catalão a quem, esta segunda feira, a Justiça espanhola emitiu um mandato de captura por ter convocado um referendo na região).

Já José Luís Feijóo, líder do PP, tem um caminho muito estreito para conseguir chegar à chefia do Governo. A soma de votos com o VOX dá-lhe apenas 169 deputados, longe dos 176 necessários para ter uma maioria parlamentar. Para chegar à maioria Feijóo precisa do apoio da Coligação Canária (1), da União do Povo Navarro (1) e do PNV (5). Uma possibilidade aritmética mas muito difícil de alcançar, já que o Partido Nacional Basco perdeu pela primeira vez para o Bildu e não quererá colocar a sua posição no País Basco ainda mais em risco, para viabilizar um Governo de direita com o VOX.

Esta segunda-feira começaram os contactos políticos à esquerda e à direita para tentarem uma solução viável de Governo, mas já se ouvem vozes entre os socialistas mais moderados, a mostrar grande preocupação sobre o preço a pagar para que Sanchez possa continuar à frente do Governo Espanhol. Determinada a conseguir um entendimento à esquerda está Yolanda Diaz, líder do Sumar, que se tem desdobrado em contactos para conseguir o apoio dos partidos independentistas. 

As Cortes reúnem pela primeira vez no dia 17 de agosto e se no prazo de dois meses os deputados não elegerem um Presidente do Executivo, há eleições de novo.