2023-24. A caça ao Agosto Vermelho

Este ano, o Benfica é o alvo a abater. Começa já hoje, na Supertaça (20h45, em Aveiro) e continuará na mira de todos ao longo da época.

Confesso solenemente que roubei o título a John McTiernan, o realizador de Caça ao Outubro Vermelho, estão a ver?, aquele filme com o Sean Connery a fazer de capitão de marinha soviética, Marko Ramius, que comanda o submarino com esse nome e que possui um sistema revolucionário de propulsão. Bem, se não viram vão ver que vale a pena, hoje em dia as televisões têm tantos canais de filmes que deve estar a passar em algum. Ainda só estamos em Agosto, por isso deixamos o Outubro para mais tarde. No próximo fim de semana (por acaso o Braga-Famalicão é na sexta-feira) tem início uma nova edição do campeonato nacional, agora Campeonato da I Liga com o nome de um patrocinador qualquer acoplado que, como não me paga as contas, não me sinto na obrigação de ir saber qual é. Como geralmente acontece, e não será excepção desta vez, o campeão é o alvo a abater, ganhar ao campeão tem mais sabor, bater o campeão dá mais destaque, quem marca golos ao campeão é mais falado nas rádios, jornais e televisões. E assim, entrando com o peso do título conquistado a época passada, o Benfica está no centro das atenções. E foge também ao fim de semana inicial, já que tem o seu encontro de estreia marcado apenas para segunda-feira, no Bessa, visitando o Boavista pelas 20h45, outra daquelas cavalidades típicas da nossa Liga, governada ao sabor de interesses televisivos e  publicitários, estando-se positivamente nas tintas para espetadores, jogadores, técnicos e todos aqueles que fazem, afinal, o futebol, e dão dinheiro a ganhar a uma cambada de dirigentes do pior que se poderia arranjar neste país abandonado por Deus à sua sorte. Segunda-feira às 20h45?! Para acabar ao rondar das onze da noite? Partem, portanto, esses dinossauros excelentíssimos, como lhes poderia chamar José Cardoso Pires, do príncipio de que estamos todos de férias e de que não temos mais nada para fazer do que demandarmos estádios em dias correntes já com o sol tombado para lá do horizonte. Se o candidato a ir ao estádio morar na Avenida da Boavista, ainda vá que não vá, mas se for alguém que viva de Coimbra para baixo e tenha vontade de fazer a deslocação vai certamente pensar primeiro duas ou três vezes antes de se fazer à estrada. Ou, neste caso, o mais provável é deixar-se ficar pelo sofá frente à TV que é essa a filosofia dos desorganizadores das nossas competições por mais bacoca e mazomba que seja, e é.

Que Benfica? Muito ativo no mercado, o Benfica está ainda envolto em muitas dúvidas que talvez o jogo de amanhã à noite em Aveiro (20h45 – até parece que somos bruxos!) desvendará. Para já, a sensação que deu é a de que se reforçou e de que comprou jogadores que vão entrar de caras no onze inicial de Roger Schmidt. Mas não passa de uma sensação. 

Por meu lado, não consigo ver as coisas dessa forma, porque me parece que foram contratados sobretudo jogadores para funções nas quais outros se destacaram, e bem, na época passada. Entretanto Grimaldo foi-se e continua a não existir no plantel um daqueles pontas-de-lança que arraste defesas inteiras atrás de si e marque golos nas tantas oportunidades que a equipa costuma criar, golos esses que até podem ser feitos com o joelho ou com a canela, como vai dizendo o povo de Bugim à Torre da Medronheira.

A  ida ao Bessa não deixará de ser intensa, porque não há jogo em que uma equipa treinada pelo meu querido amigo Armando Teixeira, mais conhecido por Petit, não dê o litro e mais um quartilho. Ou seja, não bastará ao campeão ter a bola, vai também precisar de ir  à procura dos confrontos físicos individuais e não me parece que gente como Di María ou Orkun Kökçü estejam para aí virados. No ano em que a caça à águia já foi aberta, precisa de estar mais atenta do que nunca. Repetir a qualidade e intensidade de jogo que fez do Benfica campeão será uma tarefa complicada para Schmidt. Mas ninguém pode dizer que não tem o plantel que quis…