Papa Francisco e JMJ

Este Papa, uma grande inteligência intuitiva, identificou fatores nestas novas gerações portuguesas que vão permitir uma onda evolutiva do país para que alcance o sempre desejado desenvolvimento.

Por André Jordan, Empresário

Tenho com o Papa algumas afinidades. O meu filho Constantino nasceu em Buenos Aires, somos contemporâneos, apesar de eu ser 4 anos mais velho, e temos ambos artrose no joelho direito.

Já vi outras manifestações da Juventude Católica correspondentes à que aconteceu em Lisboa, inclusive no Rio de Janeiro.

Numa longa vida passaram por mim o Papa Pio XII, João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II, Bento XVI e Francisco.

Creio que foi em Portugal que este Papa atingiu o auge do seu impacto humanista e realista, em consequência do qual vai resultar uma grande transformação psicológica da juventude portuguesa.

Este Papa, uma grande inteligência intuitiva, identificou fatores nestas novas gerações portuguesas que vão permitir uma onda evolutiva do país para que alcance o sempre desejado desenvolvimento.

Já havia observado na formação das minhas netas e netos um enorme empenho e dedicação nas suas formações, o que resultou em boas oportunidades profissionais e carreiras bem encaminhadas. Já está comprovado que a formação académica em Portugal é superior à de muitos países de situação económica mais desenvolvida.

Na prática, as afirmações do Papa atingiram em cheio as sensibilidades dos jovens portugueses.

Onde é que está o problema?

 Numa perceção do Papa que declarou: «Não tenham medo», esta afirmação poderia ter sido confundida com o medo físico, mas o que realmente trata é sobre o medo de errar e a preocupação de evitar confrontações.

O recente domínio da economia do país por uma aliança entre a aristocracia antiga e a ditadura salazarista resultou justamente no medo de tomar decisões e de assumir responsabilidades. Não me refiro a algumas famílias que se libertaram desses bloqueios, formando equipes que contribuíram para o desenvolvimento das empresas e também ocasionalmente para a administração pública.

Essa libertação proposta pelo Papa ainda foi ilustrada pela sua observação sobre as ondas de 30 metros, em Nazaré, que não viu, mas foi informado, declarando «surfem as ondas».

Aproveito para referir que alguns comentaristas políticos, especializados em encontrar a minhoca na maçã, declararam que os jovens, apesar de todo os seus entusiasmos durante o dia, iam à noite tomar cervejas no Bairro Alto. Com certeza terão sido uns poucos de milhares quando, como podemos observar, estavam aqui perto 2 milhões. Aliás tomar cerveja no Bairro Alto não é propriamente a devassidão.