Os lucros dos bancos engordaram nos primeiros seis meses do ano ao atingirem quase dois mil milhões de euros, à custa, em grande parte, do aumento das taxas de juros, mas serão os acionistas os principais beneficiados.
O BCP, que nos últimos anos congelou a remuneração dos acionistas, até porque estava impedido de o fazer durante o período de reestruturação e depois do empréstimo de três de mil milhões de euros em capital contingente, cujo pagamento foi concluído em 2017 – no ano passado pagou 13,6 milhões de euros referente às contas de 2021 -, prepara-se para abrir os cordões à bolsa após ter apresentado um resultado de 423 milhões de euros, um aumento de 580% face ao primeiro semestre do ano passado.
Para já, o valor a pagar ainda não está fixado, mas a garantia já foi dada pelo CEO da instituição financeira quando apresentou recentemente os resultados. «No nosso plano estratégico, o tema do pagamento dos dividendos está claríssimo. É normal pagar dividendos. É expectável que o banco pague dividendos. E é essa claramente a nossa intenção em 2024 relativamente ao exercício de 2023», disse Miguel Maya. Já em relação ao facto de não ter pago em relação aos resultados do ano passado, o banqueiro lembrou que essa decisão foi aprovada pelos acionistas, em assembleia-geral.
Também o administrador financeiro, Miguel Bragança, esclareceu que provavelmente o dividendo «estará entre o dividendo que tivemos da última vez, que foi um payout baixo, e os 40%. Onde vai estar nesse intervalo será decidido no foro apropriado».
A Caixa Geral de Depósitos, a campeã dos lucros, ao apresentar um resultado de 608 milhões de euros, uma subida de 25% face a igual período do ano passado, promete manter a política de dividendos já que o «objetivo do conselho de administração é devolver todo o dinheiro investido pelo Estado Português até 2025», mas deixou uma ressalva: «caso não se verifiquem alterações significativas de mercado».
Ainda no mês de junho, o banco público anunciou que tinha aprovada a entrega de um dividendo total de 713 milhões de euros ao Estado, dos quais 361 milhões de euros dizem respeito à avaliação que foi feita do edifício-sede em Lisboa.
Além deste pagamento de dividendos fez também o reembolso antecipado de uma emissão de dívida feita junto de investidores privados que compraram essa dívida na altura da recapitalização. «Com a liquidação desta operação, os dividendos em numerário e a distribuição em espécie, a Caixa Geral de Depósitos entrega ao Estado e aos investidores privados um total de 1,2 mil milhões de euros, em 2023», revelou na altura.
Ainda incerto é o valor que será pago pelo BPI ao seu acionista único (Caixabank). No início deste ano aprovou a distribuição de 284 milhões de euros referente aos aos resultados de 2022, altura em que registou lucros de 365 milhões de euros. Nos primeiros seis meses do ano, a instituição financeira apresentou um resultado de 256 milhões de euros, uma subida de 26% face ao período homólogo.
O mesmo cenário repete-se com o Santander Totta. Em maio foi revelado que tinha sido aprovada a distribuição de 508 milhões de euros face aos resultados de 2022 que tinham disparado para quase 607 milhões. No primeiro semestre deste ano viu os lucros subirem 334 milhões, um crescimento de 38%.
NB proibido até 2025
Fora desta distribuição está o novobanco que não pode pagar dividendos até 2025 devido ao acordo de capital contingente, a não ser. segundo, o CEO Mark Bourke, que «as regras mudem», mesmo depois de o banco ter apresentado resultados positivos e depois de os lucros terem subido quase 40% para os 373 milhões de euros no primeiro semestre do ano.
De acordo com o banqueiro, o capital acumulado irá servir para alavancar o seu crescimento: «Aumentar o nosso portefólio através de transações [de carteiras] e aumentar as nossas competências em áreas que estão identificadas na nossa estratégia».