De salva-vidas à moda sazonal que boia à superfície

Desde que se pensou em juntar 800 rolhas de cortiça para fazer um anel de salvamento até se chegar aos cisnes e unicórnios insufláveis, a noção de bóia evoluiu muito. Mas foram as fotografias de celebridades a posar com estes objetos flutuantes nas redes sociais que trouxeram a originalidade de um divertimento de criança para…

Não é fácil precisar exatamente quando surgiu a primeira bóia.  Para encontrarmos as primeiras descrições destes objetos flutuantes é preciso recuar ao final do século XVIII. No manual The Practical Navigator, publicado originalmente em 1772, é feita uma descrição do ‘Marine Spencer’. A invenção de um inglês de nome Knight Spencer consistia num anel de salvamento de lona oleada com 15 centímetros de espessura, com 800 rolhas de cortiça no seu interior e suficientemente largo para envolver o corpo de uma pessoa.
«Alguém assim equipado, mesmo que não saiba nadar, pode aventurar-se nas ondas, uma vez que flutuará com a cabeça e os ombros à superfície da água em qualquer tempestade e, ao remar com as mãos, poderá facilmente alcançar a costa», descrevia aquela enciclopédia marítima.
Desde aí as bóias de salvamento evoluíram. Nas praias, o seu formato redondo laranja e branco deu lugar à icónica bóia torpedo, mais popularizada graças a David Hasselhoff e Pamela Anderson na série Baywatch, no início dos anos 90.
Além do salvamento, as bóias adquiriram outras finalidades e com elas surgiram outros objetos flutuantes, com cor e motivos divertidos, alguns até com formatos originais. 

A câmara de ar dos pneus de carros

Julga-se que a primeira bóia insuflável de colocar à volta da cintura apareceu em 1928, uma idea patenteada por Peter Markus e reproveitada a partir da câmara de ar de pneus dos carros. Seguiram-se as braçadeiras insufláveis que se tornaram populares na década de 1930. Eram usadas na parte superior dos braços e visavam ajudar aqueles que estavam a aprender a nadar, bem como aqueles que procuravam relaxar na água. Hoje praticamente são usadas apenas por crianças e por vezes até desaconselhadas para aprender a nadar.
Com o passar do tempo, surgiram outros designs de insufláveis de piscina mais diversificados e destinados à diversão. Foi na década de 1980 que apareceram os primeiros colchões insufláveis, que proporcionavam uma maneira agradável de flutuar na água, mas também de tomar banhos de sol mais refrescantes em alternativa a estar deitado numa espreguiçadeira. Muitos desses colchões também contavam com um espaço específico para colocar bebidas. Hoje existem já suportes flutuantes próprios para bebidas – são em miniatura e por norma são vendidos em conjunto com os colchões e as boias.

A influência das redes sociais

Foi sobretudo com o surgimento das redes sociais depois de 2010 que a indústria dos insufláveis de piscina decidiu apostar em novas formas e feitios desenhados para flutuar sobre as águas, com estilo e atrevimento. Flamingos, cisnes e unicórnios flutuantes passaram a ser indissociáveis dos tempos de lazer e diversão que se vivem durante o verão. Etal como a toalha e o biquíni, este acessório passou a ser também exibido pelas celebridades nas fotografias das suas férias. 
Entre miúdos e graúdos, ninguém fica indiferente à exuberância de algumas das sugestões à venda, confirmando o sucesso de uma moda sazonal que surgiu há meia dúzia de anos e que acabou por ficar. E o mercado também tem sabido aproveitar a onda.

Dos cisnes aos unicórnios

Qualquer zona costeira de veraneio é hoje pontuada por lojas onde se encontram várias opções de bóias, colchões ou braçadeiras a preços acessíveis, que normalmente só diferem mediante o tamanho. 
Mas há já também no mercado outras opções rotuladas como luxo e mais preocupadas com a sustentabilidade, dado tratarem-se de produtos feitos à base de PVC (polímero síntético de plástico). É o caso da marca portuguesa Floats of Fun, lançada em 2021 por Rui Elias e Pedro Fogaça, amigos de infância que quiseram «recuperar a convivência social junto à piscina, com um toque de modernidade».
Desde cisnes, asas de borboleta, unicórnios, conchas e nuvens com arco-íris, estes insufláveis podem variar entre os 35 e os 70 euros. Mas é o material mais resistente e os tamanhos generosos que justificam os preços acrescidos.

Materiais recicláveis

Empenhados em fazer parte de uma solução ambientalmente mais consciente, as boias e colchões da Floats of Fun são feitos de material reciclável. E além disso, de forma a tornar estes acessórios mais duradouros e sustentáveis, cada insuflável vem com um adesivo para usar em caso de furo, ao contrário da esmagadora maioria da restante oferta disponível no mercado, e, assim, podem ser usados durante muitos verões. E quando o insuflável chegar ao fim do seu período de vida útil, pode ser entregue à marca para ser reciclado para novos usos.