“O Surfista do Amor”

por Nélson Mateus e Alice Vieira

Querida avó, Vivemos estes dias da JMJ com grandes ondas de amor e ensinamento com as palavras ditas pelo Papa Francisco. Foi com alguma emoção e proximidade que assisti a tudo.
 
Não imaginas como estavam as ruas junto da tua casa, em Lisboa. Foram milhares de pessoas que se concentraram junto da Nunciatura na esperança de ver o Papa. Umas tiveram mais sorte do que outras. Mas e emoção e alegria eram comuns a todos os que aguardavam pacientemente.
 
Se estivesses em Lisboa tínhamos ficado com vergões nos braços de tantas horas passadas à janela a ver todo este movimento. 
 
Durante longos meses o assunto foi o custo da JMJ. Também se comentou a incapacidade de organização e que as coisas não iam estar prontas a tempo, como se não conhecessem a fibra de que são feitos os portugueses. 
 
Nunca se tinha visto tanta gente junta. Foi como um grande festival “Tejo – Trancão” mas que uniu Portugal, e grande parte dos portugueses, de norte a sul do País. 
 
E agora que o Papa partiu? O mundo vai ficar diferente? Durante quanto tempo? Será que as mensagens do Papa, vão, como dizia a minha avó “entrar por um ouvido e sair por outro”?
 
Sempre que posso fujo das pessoas negativas. Estas têm sempre um problema para cada solução. 
 
Muitos vivem no jugo e pouco ou nada fazem para de lá sair. Tantos que passam a vida a olhar para a felicidade dos outros sem lutar pela própria felicidade. 
 
Mais do que ouvir as palavras do Papa é preciso saber interpretá-las. De preferência da forma correta e não da forma como dá jeito a cada um. 
 
O Papa não resolveu os nossos problemas. Alerto-nos e tentou despertar-nos. Cabe a cada um de nós fazer o seu papel.
 
Na Igreja cabem «todos, todos, todos»: O apelo do Papa à inclusão; «Não tenham medo»: a esperança do Papa no futuro;  «O único momento em que é lícito olhar alguém de cima para baixo é para o ajudar a levantar». Tanto para aprender.
 
Bjs
 
Querido neto, Que dias intensos estes da JMJ. Milhares de pessoas por todo o lado. Eu sempre colada à televisão para não perder nada.
 
Nestes últimos dias convivemos com o Papa de manhã à noite. Embora o que tenha trazido o Papa a Lisboa tenham sido os jovens, como sabes o Papa Francisco tem uma grande dedicação pelos mais velhos. Devíamos ter participado na JMJ. Mas, para uma octogenária, pareceu-me demais. Preferi ver tudo na televisão e através das fotos e vídeos que me foste enviando.
 
Dou comigo a pensar em todos os Papas que eu já conheci.
 
Em 1958, estava em Roma. Os tios que me criavam eram ferozmente laicos e agnósticos. Igreja, nem vê-la. Mas o padre da aldeia em que tinham nascido ia lá almoçar todos os domingos.
 
E um dia quiseram ir a Roma ver o Papa – na altura João XXIII. Falaram com todos os padres que conheciam e estes falaram com outros – e em 1958 eu estava com eles no Vaticano, junto de João XXIII. Eu tinha 15 anos, mas foi o Papa que mais me impressionou. Aqueles olhos azuis marcaram-me para sempre.
 
Anos mais tarde, com os missionários combonianos, com quem trabalho há muitos anos, fui a Roma ver o Papa João Paulo II. Anos mais tarde, por intermédio do bispo D. Carlos Azevedo, de quem sou muito amiga, estive com o Papa Bento XVI quando da sua vinda a Lisboa.
 
Gostava muito de ter visto o Papa Francisco. Até porque todos os Papas ficam na Nunciatura, que é mesmo em frente da minha casa de Lisboa, mas não consegui ir a Lisboa. No entanto não perdi nada do que a televisão transmitiu. 
 
Depois destes dias – temos agora de esperar pelo próximo Papa. Que eu tenho (quase…) a certeza de que será português e será o meu amigo Zé.
 
Ou seja, o Cardeal D. Tolentino Mendonça.
 
Achas que as pessoas podem beijocar e tratar por tu um Papa?? Investiga… e depois diz-me.
 
Bjs