Partindo de hoje, faltam 927 dias para o próximo Presidente da República tomar posse. Dois anos, seis meses e 12 dias até 9 de março de 2026, o dia marcado para Marcelo Rebelo de Sousa entregar as chaves do Palácio de Belém ao seu sucessor. Se ainda é cedo para serem lançadas as candidaturas, certo é que já se começam a desenhar várias possibilidades quando o assunto diz respeito ao próximo inquilino. E os nomes na corrida já são muitos.
À direita pode-se dizer que as hipóteses estão praticamente definidas. Pedro Passos Coelho até poderá ser o grande polarizador, sendo o favorito do centro-direita nas últimas sondagens (13,3%). Mas no cenário provável de o antigo primeiro-ministro não avançar, os nomes mais fortes são o Almirante Henrique Gouveia e Melo e Luís Marques Mendes.
Se o ex-líder social-democrata continuar a assistir ao jogo político na bancada, Gouveia e Melo deverá avançar. Apesar de recentemente ter dado um tombo nas intenções de voto é tido como aquele que consegue maior penetração no centro-esquerda. Em sondagens anteriores, quando estava mais presente na memória coletiva o combate à pandemia, chegou a estar entre os candidatos presidenciais favoritos dos portugueses.
Gouveia e Melo surge agora atrás do líder do Chega, André Ventura, que recolhe 11,4% das intenções para surgir em quarto na lista.
Já Paulo Portas deve estar definitivamente arredado da corrida, depois de ter sido nomeado para o conselho de administração da Mota-Engil. Ainda assim, continua a acalentar as esperanças de alguns dos seus indefetíveis. Aliás, o antigo presidente do CDS-PP ocupa este ano na Universidade de verão do PSD o lugar de Luís Marques Mendes, convidado de honra dos ‘laranjinhas’ na edição do ano passado.
O convite ao ex-líder dos centristas foi até encarado por alguns sociais-democratas como uma abertura do partido a um possível apoio do PSD a uma candidatura presidencial de Paulo Portas.
Contudo, Marques Mendes está mais próximo de ser o candidato oficial dos sociais-democratas, depois de ter surgido ao lado do líder Luís Montenegro na rentrée política do partido no Pontal. É o principal rosto do comentário político em Portugal, percurso que partilha com o atual Presidente da República, sendo frequentemente apontado a suceder-lhe no cargo dada a sua esfera de influência.
Apesar de nunca ter afastado a possibilidade de se candidatar a Belém, no Calçadão da Quarteira deu garantias de que o seu percurso partidário acabou há 16 anos. «Costumo dizer que a rentrée, os casamentos e batizados só sendo convidado. Luís Montenegro convidou-me, não podia dizer que não», respondeu, recusando haver outra razão subliminar ao facto de ter marcado presença no Pontal.
Resta agora saber se também estará à espera de um ‘convite’ (ou apoio formal) da sua família política para se lançar na corrida.
À esquerda os cenários complicam-se. Tal como o Nascer do SOL avançou na sua última edição, o nome de Mário Centeno começa a ganhar peso entre dirigentes e militantes socialistas como candidato ganhador às presidenciais e uma figura menos fraturante em relação a Augusto Santos Silva, agora que o presidente do Parlamento começa a perder terreno nas várias sondagens já realizadas sobre putativos candidatos à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa. Na última, o socialista não foi além de 1,4%, ficando apenas à frente do secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo (0,8%).
O antigo ministro das Finanças já terá até comunicado ao primeiro-ministro que não pretende cumprir mais nenhum mandato à frente do Banco de Portugal. E a verdade é que o mandato do governador do banco central termina no verão de 2025. Havendo aqui um alinhamento de datas, Centeno abandona o cargo mesmo a tempo de entrar em campanha para as eleições presidenciais.
Na semana passada, o Expresso deu ainda conta que o ex-ministro das Finanças convocou «um reencontro das tropas» para assinalar três anos desde que deixou o Governo. Entre os convidados esteve o seu sucessor no Executivo, João Leão.
A revelação de que Mário Centeno será o nome preferido de muitos socialistas para o partido não ficar mais uma vez refém de um candidato perdedor como Santos Silva (e para não se repetirem outras soluções falhadas como Ana Gomes, Sampaio da Nóvoa ou Maria de Belém) fez sair a terreiro várias tendências.
Nomes como o do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres – que lidera as intenções de voto com 15,1% num estudo recente –, ou do diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), António Vitorino, voltaram à disputa.
Na ala socialista que defende um nome mais internacional, como Guterres ou Vitorino, Centeno também não é desconsiderado, mas antes é apontado ao lugar de comissário europeu na hipótese de Portugal lutar por uma pasta financeira e poder, assim, emendar a mão depois de um mandato mais apagado da comissária Elisa Ferreira.