O ano letivo está prestes a começar, mas as colocações da primeira fase já são conhecidas. E, em setembro, todos os anos há largos milhares de alunos que fazem as malas e deixam a casa dos pais para viver em cidades diferentes e frequentar um curso numa universidade ou politécnico. À despesa acrescida da entrada no ensino superior, junta-se uma outra: a de um lugar para morar.
A tarefa de encontrar “o” sítio pode ser difícil, mas a oferta aumentou. O problema é que, a par deste aumento, veio também o crescimento dos preços. Segundo o mais recente estudo do idealista, a oferta de quarto em casas partilhadas subiu 71% no último ano. Olhando para a oferta por cidades, o “aumento do stock foi bastante acentuado” no último ano, tendo em conta que na grande maioria dos casos supera os 50%. Os dados mostram que em Lisboa (147%) e no Porto (107%), a oferta mais do que duplicou.
No entanto, os preços também aumentaram e é Braga que lidera a lista das cidades onde os preços mais subiram. Aqui, as rendas dos quartos custam mais 35% que há um ano. Depois, vem Setúbal (27%), Faro (27%), Coimbra (23%), Lisboa (20%), Aveiro (18%), Leiria (17%) e Porto (14%).
Mas é preciso ter em conta que a capital continua a ser a cidade que tem disponíveis os quartos mais caros e os preços rondam, em média, os 506 euros por mês. Seguem-se Porto (400 euros), Setúbal (380 euros), Faro (380 euros), Aveiro (355 euros) e Braga (350 euros). Já as cidades mais em conta são Coimbra (270 euros), Leiria (270 euros) e Santarém (290 euros).
Uma breve pesquisa pelos anúncios online permite perceber que há opções para todos os gostos e feitios e o preço varia, obviamente, consoante a localização. É em Lisboa que se encontram os preços mais caros e, quanto mais perto de um estabelecimento de ensino superior estamos, mais caro fica. A título de exemplo (como mostram as imagens), é possível encontrar um quarto em Arroios por 700 euros e não é individual. Este quarto é apenas arrendado a duas pessoas, uma vez que conta com duas camas. Em Lisboa, os quartos custam em média este valor, mas há mais barato caso se escolha viver mais longe. A título de exemplo, em Mem Martins é possível encontrar quartos a 260 euros.
Preços que, aliás, são mais ou menos aqueles que se encontram em regiões estudantis como Viseu, Santarém, Covilhã ou Guarda. Em Coimbra, os preços sobem um pouco e, se viajarmos até ao Porto, não serão muito diferentes daqueles que se encontram em Lisboa. Ora vejamos este exemplo: os quartos para estudantes perto da Universidade Fernando Pessoa e Pólo Universitário têm um custo de 450 euros.
É preciso ainda ter em conta o luxo. Há quem não ligue a preços para que os filhos possam ter a melhor comodidade e há muito mercado para essas carteiras. Piscinas, sauna, sala de cinema, jardins ou terraços são alguns dos privilégios para quem não se importa de dispensar umas boas centenas de euros por mês. Ou mais. Um desses exemplos é a A StudentVille que está em Lisboa e Coimbra e conta com residências de estudantes propositadamente edificadas para o efeito. Aqui, uma renda mensal fica na ordem dos 900 euros para um quarto.
Já o Collegiate conta com quartos para estudantes em Lisboa e Porto, apesar de os preços não estarem disponíveis no site. Um dos quartos fica no Marquês de Pombal. E as áreas são de luxo.
O que está a fazer o Governo?
Para colmatar uma possível falha de camas, o Governo tem em marcha o Plano Nacional para o Alojamento para o Ensino Superior (PNAES), que é uma iniciativa conjunta das áreas governativas da Presidência e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e financiada através da Agência Nacional Erasmus + Educação e Formação, ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
E o objetivo é crescer. Até ao final deste ano, o Governo vai lançar um segundo concurso para a construção de mais residências universitárias, segundo anunciou a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunado. Feitas as contas, até 2026, o Executivo quer criar 26 mil camas para alunos do Ensino Superior. Neste momento, por todo o país, existem 133 projetos em várias fases de concretização para residências universitárias no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
As ajudas chegam de todo o lado. No âmbito do programa da Movijovem, que integra o Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior, este ano, dezanove pousadas da juventude vão reforçar o alojamento estudantil a preços acessíveis, aumentando em 9% o número de quartos e camas disponíveis para os alunos do Ensino Superior.
A oferta está disponível nas Pousadas de Juventude em Abrantes, Almada, Aveiro, Beja, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Guimarães, Lisboa Centro, Lisboa Parque das Nações, Oeiras, Ponte de Lima, Portimão, Porto, Viana do Castelo, Vila Nova de Cerveira.
O valor mensal dos quartos varia entre os 200 e os 300 euros, por pessoa (conforme a unidade e tipologia), em quartos duplos ou múltiplos, e inclui pequeno-almoço, internet wi-fi, limpeza diária, troca de roupa de cama e atoalhados semanalmente e utilização da cozinha de alberguista.
Valores que podem beneficiar do desconto do Cartão Jovem Europeu: 10% em duplo/twin e 20% em quarto múltiplo. Os estudantes bolseiros poderão ter um valor equivalente ao desconto de um mês para utilizar em vale de alojamento na rede de Pousadas de Juventude.
O Governo já disse que é importante combater este problema da habitação para estudantes e assume que é preciso “contrariar estruturalmente o problema”. É que, segundo o Observatório do Alojamento Estudantil, o preço médio de quartos e apartamentos para estudantes subiu 10,5% no último ano, ultrapassando os 400 euros em Lisboa e no Porto.
Recentemente, à Lusa, o secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Nuno Teixeira, assumiu que “o assunto preocupa o Governo”, que reforçou as verbas do Plano Nacional de Alojamento, devendo concretizar 447 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em vários projetos que estão em construção e em fase de empreitada.
Além do Governo, são várias as câmaras municipais que levam a cabo projetos para conseguir mais residências para estudantes, aproveitando edifícios não utilizados para o efeito.