Chuva assombra Festa do Avante!

No seu discurso de estreia, Paulo Raimundo afastou um cenário de desaparecimento do partido, quando o PCP se prepara para enfrentar as eleições regionais da Madeira e as Europeias. E teceu duras críticas à governação socialista. O momento alto da Festa do Avante! ­– rentrée habitual do partido comunista marcado para o primeiro fim de…

No seu discurso de estreia, Paulo Raimundo afastou um cenário de desaparecimento do partido, quando o PCP se prepara para enfrentar as eleições regionais da Madeira e as Europeias. E teceu duras críticas à governação socialista.

O momento alto da Festa do Avante! ­– rentrée habitual do partido comunista marcado para o primeiro fim de semana de setembro e que termina com o discurso do secretário-geral do PCP – ficou marcado por uma forte chuva que acabou por afastar os militantes do palco, tornando cinzenta a estreia de Paulo Raimundo. Contactado pelo Nascer do SOL, o partido não disponibilizou o número de entradas, tal como tem acontecido em anos anteriores.

 Mas, no site do Avante!, é destacada que o evento «foi um grande êxito político. Foi uma festa extraordinária, nas suas múltiplas dimensões – política, cultural, desportiva – quer pela massiva e entusiástica presença juvenil, quer pela afirmação do partido, do seu projeto e propostas».

Os comunistas têm defendido que a Festa do Avante! é a «mais importante e a maior iniciativa político-cultural realizada no nosso país», sendo um «espaço de liberdade, de valorização das artes e da cultura, do desporto, de convívio», defendendo que «não se reduz a evento de angariação de fundos, apesar das suas receitas serem assim classificadas de acordo com o estipulado na Lei de financiamento dos partidos». E que se  realiza «independentemente de contextos e dificuldades, porque o seu primeiro compromisso é para com as pessoas, a cultura e a alegria».

De acordo com as últimas contas anuais divulgadas pela Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP), o PCP apresentou um resultado líquido anual de 1,667 milhões de euros em 2021, um valor muito acima dos 351 mil euros registados em 2020. Segundo as contas apresentadas pelos comunistas, o resultado explica-se, em parte, pelas verbas mobilizadas através de angariações de fundos: se, em 2020, o PCP tinha conseguido arrecadar 918 mil euros dessa maneira, esse valor quase que duplicou em 2021, atingindo 1,7 milhões de euros.

O partido aumentou também os seus rendimentos na rubrica de vendas e serviços prestados, angariando 755 mil euros por essa via, cerca de mais 200 mil do que em 2020.

 

Raimundo de olhos postos nas contas certas

O primeiro grande discurso de Paulo Raimundo foi bastante crítico para a atuação socialista, afirmando que as « contas certas deles, desacertam e de que maneira as nossas vidas», um caminho que, de acordo com o mesmo tem sido seguido pelos vários Governos do PS.

«Dizem-nos agora que a economia está bem. Está bem para os 2 milhões de pessoas em risco de pobreza, das quais 345 mil são crianças? 2 Está bem para cerca de 3 milhões de trabalhadores, que ganham até mil euros de salário bruto por mês?», questionou.

O partido revelou também que vai apresentar várias propostas na Assembleia da República já nos próximos dias e que passa por uma redução da carga fiscal, pelo aumento das pensões em 7,5%, com um mínimo de 70 euros e em relação à crise na habitação diz que o objetivo é que a Caixa Geral de Depósitos defina um spread máximo de 0,25% no crédito à habitação. E desvaloriza o peso que tem vindo a perder, nomeadamente nas últimas eleições, em que o partido viu a sua presença reduzir drasticamente no Parlamento e quando tem à porta vários atos eleitorais,  como é o caso das regionais da Madeira e as Europeias.  «Podem decretar-nos todas as sentenças, mas um Partido assim, dos e ao serviço de todos os trabalhadores, tal como revela esta Festa, um Partido assim está destinado, isso sim, a crescer, a alargar e a reforçar-se», sem adiantar, no entanto, objetivos concretos.