Também o PS está a cair na real…

César relembrou que há muito para se fazer, sobretudo na Saúde, Educação, Justiça e Habitação, acrescento eu…

Na sua rentrée política organizada em Évora (Academia Socialista), o PS juntou os pesos pesados, nomeadamente o Secretário-geral António Costa e o seu presidente Carlos César para vincar não só a posição liderante na política nacional consubstanciada numa maioria absoluta na Assembleia, mas também para atacar principalmente o maior partido da oposição (PSD).

Até aqui nada de novo e a audiência socialista ali reunida aplaudiu freneticamente como era esperado. Costa, na sequência da sua ‘guerrinha’ assumiu-se com o ‘fazedor’ em contraponto ao ‘comentador’ (Presidente Marcelo) e falou para os jovens da audiência, anunciando diversas medidas visando recapturar esse eleitorado que lhe anda a fugir, como as sondagens demonstram.

Em particular, anunciou (i) passes gratuitos (que Moedas já implementou em Lisboa há uns tempos), (ii) IRS zero no primeiro ano de trabalho dos jovens, (iii) devolução de propinas (tenho alguma dificuldade em ver como depois se irá operacionalizar, mas aqui o importante era mostrar ideias), e, sem qualquer surpresa, (iv) o prolongamento do IVA no cabaz de produtos (esta, para a maioria da população) depois de apresentar umas contas dos impactos positivos na inflação.

Infelizmente para Costa, este discurso deu origem a alguns ‘memes’ que proliferaram nas redes sociais, ironizando, com razão, sobre os reais impactos nas decisões dos jovens, atualmente com um espírito bem diferente do meu tempo, muitíssimo mais propensos à emigração. O que correu bem pior, foi a desilusão manifestada posteriormente, exatamente por alguns jovens congressistas, lamentando que o tema da habitação, uma autêntica ‘chaga’ que os atinge e também os incentiva à emigração, não tivesse tido qualquer resposta a facilitar a sua vida. Sinceramente, acho que Costa já teve melhores discursos, sobretudo mais mobilizadores.

César foi a surpresa positiva da Academia. Sempre coerente a defender a descentralização, efetuou um excelente discurso, naturalmente crítico sobre as posições do PSD, mas também cantando loas aos méritos governativos do PS e sucessos obtidos, resultem os louros ou não das suas políticas. Mas igualmente não se coibiu de se referir ao isolamento a que a maioria absoluta do PS o está a conduzir, recomendando as vantagens democráticas de ouvir outros partidos e obter consensos, entre remoques absolutamente justificados aos extremistas e populistas. Enquanto partido liderante da nossa sociedade, não teve quaisquer pruridos em reconhecer que o PS tem obrigação de entregar aos portugueses, quando das próximas eleições, o país prometido. Sem nunca o referir, César relembrou que há muito para se fazer, sobretudo na Saúde, Educação, Justiça e Habitação, acrescento eu. Costa ficou com ‘as orelhas a arder’! l

P.S. – Finalmente Rubiales saiu de Presidente da FEF. Não era sem tempo, mas infelizmente saiu pelas razões erradas. Alguém que teve o descaramento de em plena Tribuna tocar nos genitais da forma ostensiva que o fez, não é digno de ocupar qualquer lugar no dirigismo internacional. Lamentável é não ter sido essa a razão, mas uma outra, ao beijar levianamente uma atleta, na euforia de um momento de celebração. Vimos pelas reações posteriores da referida jogadora como ela (não) ficou traumatizada, mas uma total inversão de valores transformou esta situação igualmente escusada, mas apenas isso, no cerne da demissão. Estarão os valores trocados ou a doença é bem mais profunda – falta de valores?