Alguém lhes explica que já governam há 8 anos?

Haverá sempre quem tenha memória dos problemas que o Governo trouxe e agravou em Portugal.

Que sentido faz ouvir o ministro da Educação João Costa argumentar que «um problema com 50 anos não se resolve em meses», ou o ministro da Saúde Manuel Pizarro anunciar que «o Governo vai encomendar um estudo, para perceber que rede hospitalar nacional é desejável em 2030?».

O PS não ascendeu ao poder há meses, mas sim em outubro de 2015. Desde então, 2016, 2017, 2018, 2019, 2020, 2021, 2022 e 2023 significam 8 anos durante os quais o primeiro-ministro António Costa e cada um dos ministros e secretários de Estado que escolheu tiveram o poder, a obrigação e os meios para concretizar visões e políticas e já agora, para responder por elas.

Por muito que fale em meses, João Costa não fará esquecer que representa um partido que em 8 anos não só não resolveu coisa nenhuma, como agravou os problemas na Educação, convencido que os ultrapassaria com ideologia, em vez de reformas. Os professores exasperados e com reivindicações justas, revezam-se em manifestações na rua, em vez de motivados nas escolas a ensinar, com consequências graves para alunos e pais. O Governo acabou com contratos de associação que davam a famílias pobres oportunidades agora só disponíveis aos mais ricos, atacou o ensino privado e cooperativo e na escola pública insiste num sistema que trata de forma desigual os professores do continente e os que lecionam nos Açores e na Madeira. É também maior a precariedade nas colocações, a separação insensível de famílias e a redução do poder de compra agravou a evidência de salários exíguos e incompatíveis com o valor das despesas de transporte, alimentação e habitação. Há 8 anos também que o PS fragiliza a autoridade dos professores, coloca os alunos a par – como se alunos e professores devessem estar no mesmo plano –, abdica de mínimos de exigência e da avaliação a pensar nas estatísticas e pune os docentes que se atrevam a considerar o mérito e a sancionar a preguiça, apesar da normalidade do propósito.

Por seu lado, Manuel Pizarro não tem de se preocupar com o que o SNS vai precisar em 2030, mas sim com o que deve fazer para resolver o desastre que, por culpa própria e da predecessora, tem entre mãos em 2023.

Foi o PS que, a pensar em votos, sem fazer contas, alheio às consequências, avançou em 2016 para uma diminuição em 5 horas semanais do período normal de trabalho dos profissionais de Saúde, que por serem necessárias são agora pagas como horas extraordinárias, sobrecarregando recursos públicos exíguos e forçando a contratação de mais técnicos, enfermeiros e médicos, para além da injustiça do regime diferenciado em relação ao setor privado. Foi também o PS que rescindiu Parcerias Público-Privadas que transformaram hospitais exemplarmente geridos em problemas financeiros, agravou as situações de urgências fechadas, grávidas sem atendimento, primeiras consultas que tardam anos, cirurgias urgentes adiadas, falta de capacidade de resposta em várias especialidades, 1 milhão e 600 mil portugueses sem médico de família (depois de António Costa ter garantido em 2016 que todos os teriam em 2017) e filas matinais em Centros de Saúde.

Por muito que o Governo não queira responder pelos problemas que trouxe, ou agravou em Portugal, haverá sempre, felizmente, quem tenha memória. 8 anos não são meses. l

Presidente do CDS/PP