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Com a perda do cargo do “número três” dos EUA, a competição entre o partido Democrata e o partido Republicano, assim como as disputas internas no âmbito deste último, estão cada vez mais renhidas, o que poderá causar o caos no cenário político de Washington e desestruturará ainda mais a sociedade norte-americana.
Considerado um moderado do Partido Republicano, Kevin McCarthy enfrentou uma “rebelião” dos deputados de extrema-direita do partido. E perdeu o cargo com votos de oito desses republicanos, somados aos do Partido Democrata.
Mas porque é que esses oito membros republicanos do Congresso “foram contra a corrente”? Vários especialistas consideram que a razão reside no projeto de orçamento.
Em 30 de setembro, McCarthy, na qualidade de Presidente da Câmara dos Representantes, decidiu, à última hora, unir-se aos Democratas para aprovar uma proposta de lei de dotações temporárias, que foi aprovada, e, que não incluía as propostas dos conservadores republicanos de reduzir drasticamente a despesa federal e reforçar o controlo das fronteiras. Este facto intensificou o conflito entre ele e a fação conservadora do seu Partido.
Na noite de 2 de outubro, o deputado republicano de extrema-direita Matt Gaetz propôs a substituição de McCarthy, alegando que ele “está ao serviço dos democratas”.
De acordo com as regras da Câmara, os deputados podem pedir ao Presidente da Câmara que marque uma votação no prazo de dois dias úteis legislativos E basta uma maioria simples para destituir o Presidente da Câmara. Assim aconteceu, com oito republicanos de extrema-direita a juntar-se aos democratas, pelo que McCarthy acabou por ser destituído.
Como muitos analistas salientaram, o forte confronto entre os partidos políticos nos Estados Unidos e a intensificação da luta entre facções intrapartidárias, foram as principais razões para a destituição de McCarthy.
Na política americana, a rivalidade partidária sempre foi uma realidade, cuja essência é a “política do veto”, ou seja, opor-se a tudo o que o outro partido faz, em vez de resolver os problemas com base no seu mérito.
Nos últimos anos, as disputas partidárias nos Estados Unidos tornaram-se cada vez mais intensas, tendo mesmo sido consideradas por muitos observadores como tendo atingido o nível de “guerra civil”.
A Reuters salientou que o facto de McCarthy ter defendido uma investigação de destituição do Presidente dos EUA, Joe Biden, irritou os democratas. Neste caso, apesar de McCarthy ter trabalhado com os democratas na lei das dotações temporárias, muitos democratas acabaram por favorecer o seu afastamento.
Na política americana, McCarthy era conhecido como um “camaleão”, o que significa que se concentrava nos seus interesses políticos pessoais e que a sua posição não era suficientemente firme. A ala ultra-conservadora do Partido Republicano sempre considerou McCarthy pouco firme em questões políticas e “fraco” e até “oportunista” em relação ao Partido Democrata.
Em janeiro deste ano, teve de passar por quinze rondas de votação e fazer uma série de concessões importantes à ala conservadora do Partido Republicano antes de ser eleito Presidente da Câmara dos Representantes numa eleição difícil.
Foi a eleição mais longa dos 164 anos de história da Câmara dos Representantes dos EUA e enfraqueceu gravemente a posição pessoal de McCarthy.
O facto de um punhado de deputados ultraconservadores poder influenciar a escolha do Presidente da Câmara dos Representantes devido a disputas partidárias, é um sintoma da atual “doença política” nos Estados Unidos.
Segundo alguns analistas, “quando a política americana serve os interesses egoístas de alguns e quando a democracia nos Estado Unidos é reduzida a um “jogo de poder”, que credibilidade e capacidade de persuasão tem a sua narrativa democrática”?
Como salientou o politólogo francês e conselheiro especial do Instituto Montaigne, Dominique Moïse, a intensificação da polarização política pode paralisar os Estados Unidos e a democracia americana quase se tornou um “exemplo negativo”.