O meu amigo João

O meu amigo João nasceu na Buraca. A paixão pela representação começou na infância, com espetáculos que fazia para a família.

Querida avó,

O meu amigo João celebrou esta semana 60 anos, imagina. Tenho um grande carinho pelo João. Não o vejo tanto como gostaria. Mas cada vez que nos vemos é uma festa.

O meu amigo João nasceu na Buraca. A paixão pela representação começou na infância, com espetáculos que fazia para a família.

É sempre o primeiro a dar-me os parabéns. Duas semanas antes do Natal, recebo sempre uma mensagem, personalizada, de Boas Festas: «Do amigo João, com um beijinho especial para a tua mãe». Estas mensagens não me fazem sentir especial. Significam sim, que o meu amigo João é uma pessoa especial!

De momento está na SIC diariamente com o programa “Casa Feliz” e o “Domigão” aos domingos.

Completou 60 anos, mas a idade do cartão de cidadão do João não coincide com a sua idade metabólica. Certamente um dos seus maiores segredos.

Estreou-se como apresentador na SIC, em 1995, com o inesquecível “Big Show SIC”. Mas recordo-me também de o ver, em 1992, na “Grande Noite”, o programa de Filipe La Féria, numa homenagem à revista à portuguesa. Logo aí tive noção que o João ia ser enorme, como artista.

Foi um privilégio ter estado no Tivoli a celebrar o seu aniversário e o seu livro de memórias “O Outro Lado da Alegria”.

“Feliz Aniversário” é a nova peça de Teatro que vai levar João Baião, e companhia, aos principais palcos de todo o país. Embora a peça não tenha nada a ver com o aniversário do João.

Adorava fazer uma grande exposição itinerante sobre a vida e obra do meu amigo João.

Seria interessante para o público que o adora e que acompanha o seu trabalho. Um registo do percurso profissional, e pessoal, do grande João Baião.

O meu amigo João, entrou-nos em casa aos saltos há 30 anos. Passaram outros 30 e continua a ser amado e diria que a correr e a saltar (praticamente) como antes e a deixar-nos estafados só de olhar, mas sempre felizes com a sua existência.

Bjs

Querido neto,

C omo sabes, sou amiga, há muitos anos, do João Baião. E ele também é meu amigo. Como costumava dizer a Agustina Bessa-Luís, quando nos encontrávamos, «vemo-nos pouco mas gostamo-nos muito». Eu vejo-o muito, claro, todos os dias na televisão. Ele é que há muito não me vê.

O João Baião é um grande ator de teatro. Certamente ganhará muito mais nestas coisas que faz na televisão, mas tenho muitas saudades de o ver fazer teatro a sério, que foi como o conheci.

O João Baião fez grandes peças. Assim, de cabeça, lembro-me de o ver, por exemplo, na “Mãe Coragem”, de Brecht, no “Romeu e Julieta”, de Shakespeare, no “Cerejal”, de Tchekhov, no “Pecado de João Agonia”, de Santareno, ou no “Rei Lear”.

Nesta peça, apresentada pelo Teatro Experimental de Cascais, até aconteceu uma coisa engraçada: eu fiz uma versão para crianças – “Leandro, Rei da Helíria” – e ele também entrou nela – e foi quando nos conhecemos. Ele era muito imaginativo na criação da personagem e ficámos muito amigos. Tão amigos que até temos um hábito meio maluco mas de que gostamos muito e nunca falhamos: somos sempre os primeiros a dar os parabéns um ao outro, ou seja, no primeiro minuto a seguir à meia-noite do dia 7 de outubro – portanto já no dia 8 de outubro — eu mando-lhe uma mensagem de parabéns, e ele faz o mesmo no primeiro minuto a seguir à meia-noite de dia 19 de março, ou seja, já no dia 20 de março.

Já para não falar das inúmeras peças em que tem participado no Teatro Politeama, com o meu querido La Féria.

E vou finalizar com uma boa notícia: dentro em pouco, João Baião vai voltar ao teatro, na peça “Feliz Aniversário”. A peça vai estrear no Teatro Virgínia, em Torres Novas, na minha terra, imagina.

A ideia de fazeres uma exposição dos 60 anos de carreira é maravilhosa.

Ver se marcas um almoço com o João.

Tenho saudades dele.

Bjs