Rui Moreira está fora das eleições europeias. Ao que o Nascer do SOL apurou, o presidente da Câmara do Porto já tem uma resposta preparada caso o desafio lhe seja feito por Luís Montenegro. E a resposta é: Não, obrigado!
Há mais de um ano que o nome de Rui Moreira anda a correr nos bastidores como o preferido de Luís Montenegro para cabeça de lista às eleições europeias que se realizam em junho de 2024. Fontes de um lado e do outro têm vindo a alimentar a hipótese, que ganhou novo fôlego quando, numa entrevista recente, o próprio Rui Moreira garantiu não ter sido convidado para o desafio e terá deixado no ar a ideia de que, se esse convite surgisse, logo ponderaria.
Ao que sabemos, Rui Moreira considera que a interpretação que se deu às suas palavras é uma interpretação errada. Na cabeça do autarca do Porto há várias razões que tornam impossível o cenário de uma candidatura ao Parlamento Europeu. Desde logo o calendário eleitoral: as eleições europeias realizam-se um ano antes do fim do mandato autárquico e só em caso de doença ou outro motivo de força maior é que abandonaria funções antes da data prevista. na sua equação, abandonar a Câmara antes de tempo para ser cabeça de lista pelo PSD seria a negação de tudo o que o autarca conseguiu até aqui – a sua credibilidade como candidato independente ficaria destruída.
Mau para os dois lados
Na leitura de Rui Moreira, aceitar um convite de Montenegro seria mau para os dois lados.
Para o autarca, porque seria uma demonstração de incoerência e traição ao seu eleitorado portuense. Alguém que fez questão de se apresentar sempre a votos como independente não pode trocar a independência por uma candidatura com as cores do PSD. Isso era o pior que Moreira poderia fazer à sua credibilidade política, diz-nos uma fonte próxima do autarca.
E no seu entendimento, do ponto de vista da direção do PSD, a opção teria tudo para correr mal. Seria a candidatura de alguém que teria de começar por se justificar, e que sofreria à partida com uma mais que provável perda de votos dos que se sentissem traídos pela opção do atual presidente da Câmara do Porto.
A saída de cena de Rui Moreira vem ajudar a clarificar opções entre os sociais-democratas. A verdade é que, para além da especulação, nunca houve qualquer convite do PSD ao autarca do Norte e, agora, para os que pudessem ter dúvidas, fica claro que Moreira não está disponível.
Cabeça de lista é arma de arremesso entre fações
O clima que se vive é já de um tempo pré-eleitoral e «só se fossemos loucos é que não estávamos já a tratar das europeias», ouviu o Nascer do SOL, esta semana, da boca de um dirigente do PSD. Mas seja qual for a decisão que venha a ser tomada, ela só será anunciada mais tarde e, até lá, está fechada a sete chaves no núcleo mais restrito de Luís Montenegro: «Para o bem ou para o mal, o resguardo na decisão é a nossa maior arma».
Mas, se assim é, qual a explicação para o nome de Rui Moreira ser constantemente indicado como o preferido de Montenegro? A resposta que ouvimos não deixa de ser interessante: o nome do autarca do Porto terá sido lançado por apoiantes de Rui Rio, como forma de comprometer a direção de Montenegro; e depois, acrescentam as nossas fontes, a ideia estará a ser alimentada por apoiantes de Passos Coelho. Ou seja, a insistência no nome de Rui Moreira estará a ser usada como forma de retirar espaço de manobra ao líder.
Sondagem anima PSD e CDS
Entretanto, a primeira sondagem sobre europeias publicada esta semana veio animar as hostes à direita.
Na sondagem, da Intercampus e publicada no Correio da Manhã, o PSD, com 22% das intenções de voto, aparece com uma vantagem folgada em relação ao PS, que surge com apenas 15,9%. O estudo, que não apresenta distribuição de indecisos, é visto como animador na São Caetano à Lapa, sobretudo porque facilita o caminho na escolha de nomes para Bruxelas.
Quem festejou os resultados da sondagem e viu neles um verdadeiro balão de oxigénio foram os centristas. O estudo dá 4,8% de intenções de voto para o CDS, à frente do PAN, da CDU e do Livre, e devolve a esperança de que o partido possa ultrapassar o primeiro teste à sua sobrevivência, alcançando um resultado que lhe permite manter representação em Bruxelas.
Face a estes resultados, os dois partidos afastam a ideia de se juntarem para uma coligação e Nuno Melo volta a apostar tudo numa ida a votos sozinho, afastando definitivamente a ideia de ficar dependente dos sociais-democratas.
Apesar de ser uma primeira sondagem e de ainda haver muito para andar, o CDS encontra nestes dados a razão para reunir tropas e apostar tudo num bom resultado.
Nuno Melo, atual líder do CDS e o único deputado europeu dos centristas, está a ponderar não se candidatar em Junho, se conseguir encontrar um outro nome que possa capitalizar um melhor resultado para o partido – sabe o Nascer do SOL.
Que nomes podem estar em cima da mesa é, por enquanto, uma incógnita, mas a porta que se entreabre com os resultados da sondagem da Intercampus tornam o desafio mais apetecível para quem venha a ser convidado. Uma coisa é certa, o simples facto de Nuno Melo estar a ponderar abandonar Bruxelas em nome de uma candidatura mais forte é, em si próprio, significativo de que os centristas podem vir a surpreender.