Se o elemento trocista viesse a ser assumido como princípio orientador da prática artística de Joana Vasconcelos então toda a sua obra deveria merecer-nos um outro nível de consideração, sobretudo devido ao seu alcance.
Com a monumentalidade a que nos foi habituando, a artista regressa a casa, e dez anos depois da sua última exposição individual em Lisboa, no Palácio Nacional da Ajuda, é a vez do MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia e da Central Tejo, onde tudo começou.
Esta reúne obras inéditas, algumas peças já com um rastro significativo das que Vasconcelos tem mostrado por todo o mundo desde 2000, e ainda obras da Coleção de Arte Fundação EDP.
A grandiosidade despropositada e o espalhafato são as marcas da iconicidade desta artista, que agora apresenta um conjunto de peças pretendendo estabelecer a ligação entre a eletricidade, a arte e a sustentabilidade, numa tempestade de evocações que acaba sempre por redundar na lógica do kitsch.
A exposição que vai estar patente até dia 31 de março de 2024 não dispensa nem uma banda sonora, num efeito de espetacularidade que pede emprestado aos filmes de Christopher Nolan algumas das suas músicas mais reconhecíveis.
Se nos disserem, mesmo só muito mais tarde, que tudo não passou de uma tremenda golpada, uma farsa para expor o embuste da arte contemporânea talvez então possamos vir a reconhecer algum talento subversivo no percurso desta artista portuguesa