A diferença de ordenados entre homens e mulheres continua a ser muito elevada em Portugal. A garantia é dada por Eugénio Rosa e diz que essas diferenças são tanto maiores quanto mais elevadas é a qualificação e o nível de escolaridade das trabalhadoras. E os alertas não ficam por aqui, referindo que é um cenário contrário ao que é dito pelo Governo. “Essa diferença não diminuiu em euros entre 2015 e 2022 e é muito diferente do que António Costa pretendeu dar no seu último discurso de Natal como primeiro-ministro”.
O economista recorre aos dados do ministério do Trabalho para chamar a atenção para o facto de a diferença média nas remunerações entre homens e mulheres em 2022 ter sido de -13,4% (a remuneração dos homens é de 1217 euros, já o das mulheres é de 1054 euros), enquanto o ganho médio- remuneração base e todos os suplementos recebidos- foi de 16,2% (a dos homens foi de 1476 euros, já o das mulheres era de 1236 euros).
“Em Portugal, as empresas continuam a desprezar a função essencial da mulher na atividade produtividade e desvalorizam a qualificação. Com patrões assim dificilmente o país sairá do atraso em que se encontra”, diz ainda.
Eugénio Rosa aponta o dedo às afirmações do Governo que garante que as desigualdades estão a diminuir. “Entre 2015 e 2022, os aumentos nas remunerações e nos ganhos em euros das mulheres foram maiores do que os dos homens apenas nos níveis de qualificação mais baixos, sendo inferiores nos níveis mais elevados”.
E faz as contas: “As 1.494.230 mulheres trabalhadoras que constavam das folhas de salários enviadas pelas empresas ao Ministério do Trabalho receberam, em 2022, menos 3.408,9 milhões euros de remunerações base do que igual número de homens com idênticas qualificações e, em relação a ‘ganhos’, o valor anual não recebido pelas mulheres pelo seu trabalho atingiu 4.992,9 milhões. Só as mulheres com o nível de qualificação de “quadros superiores” (142.656) receberam menos 1298,1 milhões € de remunerações do que igual número de homens com as mesmas qualificações e menos 1.519,4 milhões de ‘ganhos’”.
Uma situação que leva o economista a referir que os “salários mais baixos durante a vida ativa determina que as pensões médias das mulheres sejam muito mais baixas do que as dos homens”, considerando que “desigualdade da vida ativa prolonga-se também na reforma”.