Março de 2024 – Novo rumo?

Aproximam-se eleições e com elas temos oportunidade de mudar o estado das coisas neste país.

Vivemos hoje um dos períodos mais conturbados da nossa história recente. Não ignorando os efeitos devastadores das guerras na Europa e no Médio Oriente, têm sido perdidos, ou estão mesmo em vias de extinção, valores básicos que nos foram transmitidos pelos nossos pais, pela escola, pela sociedade. Respeito pelo próximo, pelos mais velhos, pela autoridade moral, tudo isso foi substituído por confiança excessiva, orgulho exagerado, presunção, arrogância, por vezes insolência, ou seja, pelo que os gregos apelidavam de hybris.

São o ‘politicamente correto’ (as teorias na moda, por exemplo o wokismo, o apoio desmesurado à comunidade LGBTQIA+) e as redes sociais os responsáveis máximos por este fenómeno? Não os máximos, não – é quanto a mim o sistema educativo quem mais para ele contribui. A ausência de disciplina, grassando a má educação e a permissividade, a redução do nível de rigor e exigência do ensino, até algum laxismo, ou por vezes a insuficiente vocação dos ditos professores para ensinarem, tudo são variáveis que influenciam negativamente os nossos comportamentos em sociedade ou mesmo em família.

É também a Justiça que não funciona, ao permitir que prescrevam processos que justificariam atenção redobrada e cumprimento escrupuloso de prazos; é o Ministério Público que se permite julgar na praça pública ou contribuir para a violação do segredo de justiça; são juízes que depois rebatem e destroem os argumentos da acusação, dando azo a interpretações de incompetência de quem acusa. E tudo isto vai passando pela espuma dos dias, reduzindo a cinzas um tema outrora relevante, substituindo-o rapidamente por outro, fomentando o descrédito.

Muitos outros temas têm sido por mim aqui abordados, refletindo alguma tristeza por assistirmos a atitudes reprováveis de quem supostamente deveria assumir papel de role model, de alguém acima de qualquer suspeita, sem que daí advenham consequências significativas para os prevaricadores. Prevaricadores esses que, diga-se de passagem, estão sempre ‘de consciência tranquila’…

Aproximam-se eleições (março é já ao virar da esquina!) e com elas temos oportunidade de mudar o estado das coisas neste país. Como?

1. Primeiro do que tudo, exercendo o direito de voto, reduzindo o nível de abstenção que tem contribuído para que – como sucedeu em 2022 – apenas 51% dos cidadãos inscritos nos cadernos eleitorais (mesmo que desatualizados) tivessem ido votar. Como podemos dar-nos ao ‘desplante’, é o termo, de não exercer um direito que a democracia consagra, e apenas nos queixarmos por tudo e por nada do que está mal?

2. No período que até lá decorre, garantindo que haverá discussão séria e profunda sobre cada um dos programas partidários que se apresentará a sufrágio, respeitando a posição de todos, não apenas nos limitando a reprovar propostas apenas porque são da direita (ou da esquerda);

3. Tendo consciência do papel que nos cabe, enquanto cidadãos, e à escala de cada um, para melhorar a situação global do país, em matéria de bem-estar económico e social, de produtividade, dos níveis de endividamento, da autoestima justificada, do respeito pelos compromissos firmados, sem que para isso tenhamos que fazer tremer as pernas seja de quem for!

Economista