Ministras do PS são testemunhas contra cabeça de lista do PSD

A ministra Ana Mendes Godinho e a ex-ministra Marta Temido são testemunhas numa ação interposta contra Miguel Guimarães, cabeça de lista da AD no Porto.

Há três anos, em plena pandemia, um surto de covid vitimou 18 pessoas no Lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, em Reguengos de Monsaraz. Morreram 18 pessoas. Foi em junho de 2020 e o caso provocou a consternação geral. No seguimento destas mortes e da polémica que provocaram, a Ordem dos Médicos (OM) promoveu uma auditoria que concluiu que o lar não cumpria as orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS) e apontou responsabilidades à administração. Com base neste relatório, a Procuradoria-Geral da República ordenou a abertura de um inquérito que acabou arquivado em junho deste ano. Agora, os responsáveis do lar e funcionários instauraram um processo contra a OM e pedem uma indemnização de 2,250 milhões de euros por danos causados irrecuperáveis. Na altura, a Ordem dos Médicos era presidida por Miguel Guimarães, atual cabeça de lista da AD pelo Porto. Como testemunhas, os autores desta ação arrolaram Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho e da Segurança Social, e Marta Temido, ex-ministra da Saúde. A ação conta com a assinatura de 23 pessoas. Os autores desta ação pedem a indemnização por danos «ao nível da saúde, equilíbrio emocional, imagem e honra».

Dizem que o relatório contém falsidades, uma vez que não houve «violações de regras na gestão do surto». E justificam a interposição contra a OM, porque esta criou e executou «um plano de destruição de reputação, num momento em que esta reputação era tudo para conseguir proteger os idosos que tinha a seu cuidado, fosse na ativação de meios do Estado, no reforço de voluntários ou na motivação de equipas que não comiam, nem dormiam, para garantir que os idosos que conheciam como sua segunda família não estavam sozinhos». Quanto a Miguel Guimarães, dizem que, não satisfeito com os resultados já alcançados com o relatório, o então bastonário pressionou ainda a ministra com a tutela da Segurança Social «para retirar consequências do mesmo». Ao fim de mais de três anos, da auditoria e de investigações, Ana Mendes Godinho e Marta Temido são chamadas a depor contra o candidato pelo AD no Porto.

O Nascer SOL não conseguiu obter reações dos responsáveis políticos envolvidos.

ines.pereira@nascerdosol.pt