Quando se olha para o gigantismo das alterações climáticas, há quem passe, até como forma de desresponsabilização individual, o ónus de atuação para os governos ou para as instituições multilaterais. As orientações políticas, os quadros normativos e os grandes pacotes de investimento são desenhados pelos Estados ou por organizações supranacionais. Porém, creio que também é na ação do poder local que se joga a nossa capacidade de perder ou ganhar a batalha pelo clima.
É no somatório de pequenos passos individuais que se operam grandes transformações globais.
Na mobilidade, com o programa de transportes públicos rodoviários universal e gratuito, com autocarros de última geração menos agressores do ambiente, com mais de 6,5 milhões de km percorridos anualmente.
Iniciámos a transição para uma economia movida a hidrogénio, sendo pioneiros no lançamento da primeira estação de produção de H2 no país – um investimento de 4,5 milhões de euros.
Abrimos caminho para as comunidades locais de energia. Isto é, estamos a apoiar a colocação de painéis solares em edifícios públicos de grande dimensão, que geram energia para si mesmo e para as comunidades circundantes. Cascais foi o primeiro município do país a lançar um Roteiro Municipal para a Neutralidade Carbónica.
Entre dezenas de outras iniciativas, sublinharia as seguintes que colocam Cascais na vanguarda ambiental: 1. Investimos na recuperação de ribeiras e cursos de água, patrimónios ambientais que foram degradados durante décadas, ao ponto de se tornarem passivos para o ordenamento urbano e para a qualidade das nossas águas; 2. Aquisição de terrenos de grande dimensão, nomeadamente um novo Parque Verde Urbano com mais de 40 hectares, no coração do concelho, na junção das freguesias de Cascais e Estoril, Alcabideche e São Domingos de Rana; 3. A Plantação de Algas no Fundo do Mar com o duplo objetivo de capturar CO2 e aumentar a biodiversidade marinha.
Outro passo consistente, entre muitos outros, para salvar o planeta do aquecimento global, é a recolha de biorresíduos em sacos óticos. A Câmara Municipal de Cascais começou a sensibilizar os munícipes para a recolha em 2020, e já mais de 50 mil famílias do concelho separam os restos de comida do restante lixo.
Iniciámos este processo de sensibilização com um projeto piloto que testou o método e a sua eficácia. As equipas foram alargadas e bateram à porta de todas as habitações do concelho, entregando um pequeno contentor, sacos óticos verdes e informações sobre como fazer a correta separação destes resíduos por forma a ganhar uma nova utilidade.
Esta separação vem contribuir fortemente para a redução dos resíduos que vão para aterro, passando a poder ser transformados em energia ou composto. Até ao momento, foram recolhidas 2 408 toneladas de biorresíduos em Cascais e os pequenos sacos verdes são cada vez mais visíveis nos contentores do concelho.
Estas linhas mostram o caminho feito – e, sobretudo, o muito que está ainda por caminhar para que a nossa ambição de um concelho (de um país e de um mundo) melhor se concretize.
Tivemos em conta as seguintes ideias basilares, a de que o combate às alterações climáticas exige o comprometimento de cada um, de ser necessário mais e melhor informação para combater o populismo assente na desinformação e, por último, de nos tornarmos um laboratório experimental e sempre acompanhado com o apoio das nossas academias universitárias.