A saída do país de Descida da Cruz, pintura executada em 1827 por Domingos António Sequeira, causou incredulidade e indignação no meio museológico e académico português.
A obra, propriedade de um descendente do duque de Palmela Alexandre de Souza e Holstein, rumou a uma galeria de Madrid, noticiou o semanário Expresso, apesar do parecer negativo do diretor do Museu Nacional de Arte Antiga, Joaquim Caetano.
Caetano defendeu «de imediato, o processo de classificação da pintura como Bem de Interesse Nacional, impedindo a sua saída de território nacional» para evitar a venda, o que não impediu a Direção Geral do Património Nacional, então tutelada por João Carlos dos Santos, de dar o seu aval à saída do quadro. Doze especialistas, entre os quais Raquel Henriques da Silva e Vítor Serrão, escreveram uma carta ao ministro considerando «esta ocorrência indigna e gravemente lesiva do património português», com Pedro Adão e Silva a referir-se também ao caso como uma «lamentável falha dos serviços». Entretanto, a secretária de Estado anunciou esta semana que o Governo está a fazer «todos os esforços» para recuperar a pintura, que está avaliada em 1,2 milhões de euros. Em 2015, uma outra pintura bíblica de Domingos Sequeira, A Adoração dos Magos, foi adquirida pelo Museu de Arte Antiga através de uma campanha pública que angariou perto de 750 mil euros.