Chega. Um partido que quer chegar a todos

Facebook, Instagram, X, Telegram, Tik Tok – não lhe escapa uma. André Ventura não descura presença nas redes sociais e é assíduo em vários podcasts. Sempre provocador.

É um dos partidos – se não mesmo ‘o partido’ – mais controversos do país. É provocador e “a verdadeira alternativa ao socialismo”, segundo a apresentação na sua própria página na internet. “Direita, Conservador, Reformista, Liberal e Nacionalista”, diz a sua matriz. E os seus cartazes, espalhados pelo país inteiro, demonstram-no bem, causando indignação a muita gente. Há sensivelmente duas semanas, por exemplo, um autointitulado grupo antifascista queimou um outdoor do partido na Alameda, em Lisboa. O momento foi filmado e difundido nas redes sociais. “Pagamos tantos impostos para sustentar a corrupção”, lia-se no outdoor que foi engolido pelas chamas.

O grupo responsável emitiu um comunicado, citado na conta do X, antigo Twitter, do jornalista Ricardo Esteves Ribeiro, do Fumaça, no qual frisa que “este ano se comemoram os 50 anos do 25 de Abril”, mas que “o fascismo continua vivo”.

O Chega rapidamente criticou o ato, acusando a “extrema-esquerda” de ter queimado o cartaz “pela calada da noite”. “É esta a ‘liberdade’ de expressão que tanto apregoam”, lê-se na página do partido na mesma rede social. Os prejuízos ascendem a mais de mil euros.

Num outro outdoor, com letras vermelhas grandes e gordas  lemos: “Portugal precisa de uma limpeza”, com #Vergonha, palavra muito utilizada nos discursos de André Ventura. No canto inferior direito, cada um com uma cruz vermelha em cima do rosto, vemos Fernando Medina, José Sócrates, António Costa e Ricardo Salgado.

Quer se goste, quer não, a verdade é que o presidente do partido tem sido inteligente na sua “campanha digital”, tentando chegar a todos. Se antes era raro vermos um político a dar entrevistas para canais de Youtube, André Ventura veio quebrar com isso, tendo sido nos últimos meses uma presença assídua em vários podcasts, como é o caso de Devaneios, do youtuber Tiago Paiva, e Cdk, de Miguel Milhão. Além disso, é bastante ativo nas suas redes sociais, tanto no Facebook, como no X, no Instagram, Telegram e, mais recentemente, no Tik Tok. Nesta última plataforma, onde coleciona mais de 17 mil seguidores, André Ventura tem publicado algumas brincadeiras e, se uns as consideram ridículas, outros aplaudem-nas, considerando-as  uma forma eficaz de passar a sua mensagem. Num dos vídeos que fala sobre as autoridades do país e a impossibilidade de disparar em caso de perseguição, André Ventura começa a beber um chá de forma descontraída. Num outro para falar das escolas e das ideologias de género, chega de bicicleta. Noutro ainda, publicado em dezembro, onde faz um balanço de 2023, fala para a câmara enquanto coloca bolas na árvore de Natal. Em janeiro, o presidente do partido dizia aos seus seguidores: “Perguntam-me muitas vezes como é que vamos fazer e levar aquilo que queremos para o país em várias matérias…”. Depois disso, com papéis colados pela sala, André Ventura mostra aquilo que se vai gastar no próximo ano em ideologia de género – 426 milhões. “Sabem o que é que vamos fazer com isto?”, interroga, arrancando o papel, machucando-o e jogando-o para o lixo. O mesmo faz com o papel onde se lê “Fundações e Observatórios – dezenas de milhões de euros”; “Gabinetes ministeriais – 69 milhões de euros”; “Rendimentos de Inserção – 350 milhões”; “Subvenções vitalícias – 9 milhões de euros”; “Corrupção – 20 mil milhões”. “É com isto que temos de acabar”, afirma, rasgando o último papel. Num outro vídeo, também publicado em janeiro, André Ventura encontra-se com um taco de snooker na mão, dizendo que as bolas espalhadas na mesa são os seus adversários: “Partido Socialista, Aliança Democrática, os Comunas e os Bloquistas”, enumera. “É assim com persistência, firmeza e convicção que os vamos vencer”, continua, colocando as bolas nos buracos.

No seu Tik Tok individual, onde possui mais de 210 mil seguidores, o deputado vai ainda mais longe. Com uma cassete na mão, afirma que o Bloco de Esquerda engoliu uma, por estar sempre a dizer a mesma coisa. Sentado de forma descontraída num palco, descasca uma laranja, falando de Pedro Nuno Santos. “Então o homem não sabe o valor do salário mínimo e do indexante de apoios sociais? Isto é demais…”, diz com um sorriso. “E mais… Parece que o homem que tutela os comboios também não sabe o preço de um bilhete de comboio. Isto só pode ser para rir”, continua. “Ainda diz que é neto de sapateiro. Neto de sapateiro mas a andar de maserati. Assim não há outra solução, no dia 10 de março, vou ter de ser eu a comer a laranja”, brinca, enquanto coloca um gomo na boca.

Além disso, André Ventura também é bastante ativo no X, onde partilha conteúdos regularmente: “Esta história do Sócrates é de bradar aos céus. Ou este país muda, ou vamos acabar uma república das bananas”; “Diamantes, dinheiro escondido em livros… É esta bandidagem que nos tem governado, mas já CHEGA. Temos de correr com eles daqui para fora!”, foram duas das suas mais recentes partilhas.