Aos poucos vai caindo a ideologia…

O ‘Todos’ da Igreja é só para alguns. Afinal, nem todos têm lugar na Igreja.

Todos, Todos, Todos», tem-se convertido numa Igreja de ‘Todos, Todas, Todes’. Os acontecimentos dos últimos meses têm mostrado bem a falácia em que estamos a cair, ao pensar que fazer da Igreja Católica uma Igreja ‘inclusiva’ possa superar a igreja que ‘tem amor ao inimigo’.

O desejo que temos de chegar a todos, tem-nos feito esquecer do protagonista central da própria Igreja. Uma vez que nos colocamos ao serviço de ideologias, Cristo – o Messias – deixou de ser o centro e passamos a ser o centro. Então vemos como há um vetor que se está a deslocar à medida que percorremos este caminho.

Os pastoralistas procuram uma teologia assente nos direitos humanos, que lute pela igualdade e pela inclusão de todos os seus membros na orgânica da própria Igreja no meio do mundo e não tanto na contemplação dinâmica do mistério de Deus que esclarece o nosso mistério. Isto é assustador, porque passamos de uma teologia quase, diria, especulativa, desencarnada das preocupações humanas, para uma teologia e uma pastoral, assente nas aspirações humanas, isto é, assentes em premissas políticas.

Com todo o respeito que tenho pela política (e tenho), penso que os frutos de uma Igreja que anda sempre a procurar a sua identidade, apoiando-se em critérios empresariais (onde todos podem subir nas carreiras) e se esquece de ouvir o Espírito Santo irá seguir o mesmo caminho da divisão que ocorreu a todo o cristianismo depois da Reforma e da Contra Reforma.

Para mim é evidente que as divisões não estão ligadas aos movimentos luteranos, mas na busca da razão que se esquece de escutar. Estão na procura, sempre, de subjugar os demais às suas ideias.

Vejamos, no entanto, hoje, o que está a ocorrer: a ideia da construção de uma Igreja assente na premissa de que «Todos, Todos, Todos» têm lugar na Igreja não é assim tão nova. No evangelho, antes da Ascensão de Jesus, o Senhor dá um mandato: «Ide e anunciai o Evangelho a Todos os Povos e batizai-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo o que vos mandei».

Ora, a ideia de Cristo é a de anunciar a Todos o Evangelho, ensinar a cumprir o que Cristo nos mandou. Não vos digo os versículos seguintes a este, porque naturalmente iria desfazer o «Todos, Todos, Todos» que tanto amamos. Aconselho-vos apenas a lê-los.

Depois de se ter desfeito o trabalho que o Papa Bento XVI procurou ter na aproximação dos movimentos anglicanos e lefebvrianos, percebemos que, afinal, o ‘Todos’da Igreja é só para alguns. Afinal, nem todos têm lugar na Igreja.

Agora, o Vaticano, com a anuência do Papa Francisco, mandou parar o processo sinodal que está em marcha na Alemanha. O secretário de Estado do Vaticano e o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé escreveram mais uma vez aos bispos alemães. Não tenho, também, dúvidas de que aqui veremos que nem Todos têm lugar na Igreja.

A Igreja, nas últimas décadas, começou a criar organismos e organizações tão complicados que se tornaram numa sorvedora de dinheiro… As Conferências Episcopais que fazem uma espécie de Igrejas nacionais e os Departamentos das Dioceses que são uma duplicação dos serviços das Conferências Episcopais apenas servem para gastar o dinheiro e pouco mais.

Este cancro que está na Igreja só se curará quando nos voltarmos para Deus, sabendo que não há outro além d’Ele, e que Ele sim é para Todos, Todos, Todos.