O ministro das Finanças do Brasil defendeu esta quinta-feira a criação de imposto global para os bilionários. Fernando Haddad, na abertura de uma reunião do G20 apontou que esta é uma solução para para estes pagarem mais impostos e sublinhou que depende de cooperação internacional.
“Tenho a certeza de que há muito que os países podem fazer por si mesmos, no entanto, soluções efetivas para que os super-ricos paguem a sua justa contribuição em impostos dependem de cooperação internacional”, disse Haddad na abertura do segundo dia da reunião de ministros das Finanças e governadores de Bancos Centrais do G20.
Haddad mencionou o avanço da cooperação internacional nos últimos dez anos no que diz respeito a troca de informações, transparência e níveis mínimos de tributação, citando ações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a Organização das Nações Unidas e o próprio G20.
“Apesar dos avanços recentes, é um facto inquestionável que os bilionários do mundo continuam a evadir os nossos sistemas tributários por meio de várias estratégias. O mais recente relatório do EU Tax Observatory sobre evasão fiscal demonstrou que pagam uma alíquota [percentagem] efetiva equivalente a entre zero e meio por cento da sua riqueza”, apontou.
O ministro brasileiro das Finanças exortou os países membros do G20 a agirem juntos para taxar os bilionários levando-os a darem a sua contribuição para as “sociedades e para o desenvolvimento sustentável do planeta”.
Haddad também defendeu que a tributação da riqueza se torne um terceiro pilar na agenda e cooperação da agenda tributária internacional. O governante pediu ainda que ONU e OCDE juntem esforços para avançar na agenda de cooperação tributária.
O governante brasileiro participou presencialmente da abertura dos trabalhos do segundo dia da cimeira, que reúne em São Paulo, capital financeira do Brasil, representantes do grupo das vinte maiores economias do mundo e países convidados. Entre os últimos está Portugal, representado pelo ministro da Finanças, Fernando Medina.
A reunião, que conta também com a presença dos governadores dos Bancos Centrais (Mário Centeno está ausente) decorre num contexto global volátil, marcado por novas tensões geopolíticas e em pleno debate sobre o ritmo da flexibilização monetária, na sequência da escalada inflacionista pós-pandemia.