Num almoço de empresários, da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola, em Lisboa, o Selecionador Nacional, Roberto Martinez, reconheceu que o “jogador português é o melhor profissional que há no futebol europeu”.
O técnico espanhol, que foi convidado para falar sobre a sua experiência de liderança em grupo, disse sentir-se sortudo por ter à sua disposição 82 jogadores convocáveis para a seleção das ‘quinas’.
“Na Federação [Portuguesa de Futebol] temos lendas como Pauleta, Hélder Postiga e João Pinto, que é diretor da FPF [Federação Portuguesa de Futebol]. Isto mostra cultura, mostra passado, o que realmente precisam para jogar pela seleção. O jogador português é o melhor profissional que há no futebol europeu. Portugal tem 82 jogadores nas grandes ligas do mundo e é uma sorte para mim poder orientar estes jogadores. O meu trabalho é priorizar as dinâmicas no grupo, porque podemos jogar com um estilo defensivo, de ataque e de contra ataque”, declarou o técnico da seleção nacional.
Roberto Martinez considerou ainda que, o que o surpreendeu mais, foi a mentalidade ganhadora do jogador português, algo que nas palavras do técnico, foi algo que “nunca tinha visto”.
“O jogador português é competitivo. Isso é uma grande virtude e difícil de encontrar hoje em dia”, admitiu.
O treinador espanhol abordou ainda o tempo em que passou, enquanto técnico da Seleção Belga, entre 2016 e 2022, revelando as dificuldades com que se deparou, contrastando com as experiências que tem passado com a seleção das ‘quinas’.
“Senti um sentimento especial [na seleção portuguesa]. Foi como voltar a casa na forma de viver, o clima e hospitalidade do português. Encontrei uma federação que tinha um trabalho de 12 anos e uma estrutura profissional. A FPF tem isso para trabalhar ao máximo nível”, disse.
“Vim da Bélgica onde tive de construir esse ambiente para poder trabalhar. No balneário há uma cultura homogénea, a mesma língua, a mesma cultura e uma das minhas responsabilidades é saber onde nasceram os nossos jogadores, quais são os seus objetivos de jogar na seleção. Na Bélgica, que tem 11 milhões habitantes, há, por exemplo, três idiomas”, acrescentou ainda o técnico.
Para Roberto Martinez, “trabalhar no futebol é igual a trabalhar em negócios”, em prol do “mesmo objetivo, sendo que, no desporto ‘rei’”, não dá para esperar por bons resultados a longo prazo.
“A grande diferença dos grupos de negócios e dos grupos desportivos é a emoção de ganhar e de perder um jogo. Mas pode-se perder e continuar a seguir os objetivos. Na minha cabeça vou estar nos próximos 50 anos [no cargo] e tomar as decisões para o melhor da empresa. A minha responsabilidade foi sempre de criar equipas ganhadoras e essa é a forma de trabalhar”, disse o treinado espanhol.
No que toca à gestão dos egos, relativamente a treinar jogadores de elite Roberto Martinez admitiu que se têm de fazer escolhas, defendendo, por outro lado, que uma equipa não se motiva.
“O ego é o mais positivo que existe. Isso quer diz que a pessoa se sente capaz e sente-se mais capaz do que os outros. O importante é o comportamento, é criar um ambiente de alto rendimento. Uma equipa não se motiva. Essa não é parte forte, mas sim o compromisso”, concluiu.