Moçambique. 100 mil deslocados num mês

O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) reivindicou no final de fevereiro a autoria de 27 ataques no mesmo mês.

A nova vaga de ataques terroristas em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, provocou 99.313 deslocados em menos de um mês. A estimativa é da Organização Internacional das Migrações (OIM), que aponta para uma deslocação de pessoas provocada pelos ataques ocorridos entre 8 de fevereiro e 3 de março, sobretudo nos distritos de Chiùre e Macomia, respetivamente com 91.239 e 5.719 deslocados naquele período. Destes, 62% são crianças (61.492). Os registos da OIM apontam ainda para 20.668 famílias deslocadas por barco, autocarro ou a pé, em menos de um mês, no sul da província de Cabo Delgado.

No mesmo boletim, a OIM refere que entre 22 de dezembro de 2023 e 03 de março na mesma região registou-se a fuga de 24.241 famílias, num total de 112.894 pessoas.

O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) reivindicou no final de fevereiro a autoria de 27 ataques naquele mês em vilas ‘cristãs’ de Chiùre, em que afirma terem morrido 70 pessoas.

Através dos canais de propaganda do grupo, que documenta estes ataques com fotografias, é referida ainda a destruição de 500 igrejas, casas, e edifícios públicos naquele distrito do sul da província de Cabo Delgado.

Esta nova vaga de ataques, que tem vindo a crescer desde dezembro, após vários meses de relativa acalmia, obrigou milhares de pessoas a abandonarem as suas aldeias.

Filtro e apoio

A polícia moçambicana disse que está a ‘filtrar’ o movimento de deslocados provocado pela nova vaga de ataques terroristas em fevereiro, sobretudo no distrito de Chiùre, à procura de eventuais terroristas.

«Trabalhamos com as comunidades, tendo em conta que temos de filtrar para poder perceber se neste grupo de regressados se encontram lá alguns infiltrados, alguns que podem estar associados ao terrorismo», disse o porta-voz da polícia de Cabo Delgado, Aniceto Magome.

Já o alto comissário da ONU para os Refugiados disse que Moçambique precisa de encontrar «as melhores soluções» para quem foi obrigado a fugir, prometendo apoio. «O mais importante ainda é como ajudar o Governo a encontrar soluções para as pessoas deslocadas, quer ajudando a regressarem às suas casas ou a transferi-las para outros lugares ou  onde estão», afirmou Filippo Grandi.