Plano de emergência na Saúde

Proceder à reabilitação do SNS exige uma estratégia nacional e uma ação interventiva a vários níveis.

Encontramo-nos numa encruzilhada histórica sem precedentes. As manifestações de desagrado pelo Serviço Nacional de Saúde, (SNS) destacam-se de formas diferentes, nas instituições, nas ruas e nas famílias. Há sempre quem esteja à espera de casos suspeitos divulgados por notícias que desencadeiam as mais variadas reações. Para complicar ainda mais os problemas, culpam de tudo a todos. Em termos políticos não se concluem medidas que atendam às necessidades das populações, os profissionais enfrentam sérias dificuldades e as gerações jovens com maior liberdade de escolha e mais oportunidades para desenvolver o seu potencial, afastam-se procurando outros mundos. Há uma debandada geral de profissionais do setor público de difícil reparação.

Assistimos a uma destruição criativa, com cada vez mais estruturas burocráticas que substituem as antigas, como as Unidades Locais de Saúde (ULS), disseminadas pelo país, sem considerarem a demografia, a incidência de patologias e as necessidades locais, com prioridades diferentes seguramente.

Proceder à reabilitação do SNS exige uma estratégia nacional e uma ação interventiva a vários níveis. Não só, na recém-criada direção executiva e nas unidades de cuidados de saúde primários e hospitalares, como na rede manifestamente insuficiente de cuidados continuados e paliativos. Atribuir autonomia com responsabilização deve constituir o suporte do desempenho.

A facilitação de processos, a desburocratização e os incentivos ao mérito, são propostas importantes para incentivar comportamentos e salvar o SNS.

Dados os desafios do envelhecimento das populações e da degradação das condições de vida, devemos pensar nas tecnologias que são mais urgentes desenvolver.

Apesar de tudo, ainda há profissionais no SNS, mesmo maltratados, que asseguram muito trabalho em equipas com alto nível de profissionalismo. O envolvimento e a participação de todos os setores com desempenho assistencial, aumentam a possibilidade de acesso mais rápido, a consultas, exames complementares e cirurgias.

A concentração de todos os problemas no SNS, continuamente exposto, está hoje enraizado.

Objetivamente é necessário implementar um plano de emergência, que permita às instituições públicas, privadas e sociais, estabelecer com rapidez uma nova configuração do perfil assistencial, afastando o caráter negativo e equívoco que a oposição irá seguramente desenvolver.

Cada eleição é uma nova oportunidade, é certo que teremos de combater condições adversas que se encontram implantadas, mas o SNS necessita de abordagens inovadoras e persistentes, preservando os nossos recursos limitados.

As relações entre o público e o privado e o social, em nada contraria a importância essencial da rede do SNS, não precisam de criar nenhuma nova superstrutura, mas estabelecer processos muito concretos a nível local. Devemos trabalhar para fazer convergir a cooperação, com o objetivo de melhorar a acessibilidade, a formação e dar respostas à insatisfação dos profissionais de saúde.

Dadas as condições em que hoje vive o setor, a participação de todos é imprescindível na organização de consensos, evitando resoluções utópicas e despropositadas.