O fim de um tempo?

E se o Chega for um princípio de esperança, uma força sísmica que nos está a dar uma hipótese de construirmos um novo Portugal verdadeiramente moderno, europeu e democrático?

A 11 de Março o país descobriu que tem mais fascistas em 2024 que muitos países na década de 30 do século XX. Isto depois de André Ventura para os comentadores funcionários perder todos os debates da campanha eleitoral.

Os donos dos últimos 50 anos em Portugal, PS e PSD e os seus média não aceitam outros partidos democráticos, nem escolhas democráticas, nem tão pouco divergências de visões da política e da sociedade que os possa questionar. Em vez de aceitarem o debate de ideias e projectos demonizam o adversário, reputam-no de indigno. Quem não se lembra dos “cordões sanitários”, da não escolha do vice-presidente para os parlamentos, do silenciamento e da verdadeira perseguição antidemocrática ao Chega?

Um certo tipo de socialismo com e sem dê governa Portugal desde os anos setenta e são responsáveis pela manutenção do nosso atraso e miséria. Falo do país real não do país da propaganda, do país de onde fogem os nossos melhores que não voltam.

Portugal mudou nas últimas décadas, mas muito se deve ao apoio e supervisão exterior, da União Europeia. O nosso atraso, sejamos justos, não é apenas responsabilidade do PS+D, mas de estruturas de fundo seculares, que esses partidos pouco fizeram para alterar. Os melhores saíram sempre do país, e por cá permaneceram elites fechadas nas suas capelinhas, perpetuando-se no poder e distribuindo favores pelos seus. Na coutada dessas elites simula-se a diferença mediante uma alternância do mesmo. Ora, nestas eleições houve um verdadeiro sobressalto, como houve em Abril de 1974. Sim, as pessoas não tiveram medo de ser livres como acontece algumas vezes na história.

Um desafio às ideias feitas.

Estamos perante o princípio do fim de 50 anos de estagnação e dependência, ou vivemos um fenómeno passageiro?

E se o Chega for um princípio de esperança, uma força sísmica que nos está a dar uma hipótese de construirmos um novo Portugal verdadeiramente moderno, europeu e democrático?

Algumas notas sobre esta votação.

— Numa dimensão mais geral, há uma vaga no ocidente contra o que é um totalitarismo soft, mas também o mais sofisticado da história, o do liberalismo progressista. Esta mundividência tem ao seu serviço os democratas que corroeram as democracias e venderam-se ao liberalismo económico e ao globalismo, hipotecaram as soberanias nacionais e a especificidades culturais, aceitaram o ódio ao ocidente e estão reféns do activismo da esquerda pós-moderna (o projecto progressista do liberalismo). O homem comum, que trabalha, que paga impostas, que luta para ter melhores condições de vida para si e para os seus filhos está cansado e farto.

Este totalitarismo subtil tem nos média uma máquina brutal de moldagem de um pensamento único, mas começaram a surgir resistências consideráveis. A desregulação económica e de um chão de sentido fez despertar as pessoas e começaram a surgir novas formulações políticas. O sistema tratou de as demonizar de imediato, mas estas estão a mostrar uma capacidade inesperada de crescimento.

Devemos perguntar, os EUA de Obama tornaram-se fascistas de um ano para o outro e escolheram Trump? Portugal acordou fascista de 2023 para 2024?

— Numa dimensão local, este resultado é um sintoma de um grande desespero e cansaço, mas também a expressão da força da liberdade de quem ainda acredita que uma mudança verdadeira é necessária e possível. Décadas de imobilismos maquilhados com doses massivas de propaganda socialista podem ter iniciado o fim deste sistema. Mas importa não esquecer que o socialismo controla a administração pública, as universidades e os média, que são factores fundamentais de controlo social.

— Na votação do Chega destaca-se a coragem de muitos portugueses, do próprio partido Chega e da figura do seu líder, insultados e perseguidos em todo o lado. Refiro também e principalmente a pessoa de Diogo Pacheco Amorim, um verdadeiro lutador pela liberdade ao longo de décadas, que nunca se rendeu, nunca desistiu…e conseguiu agora abrir brechas no mau socialismo que se tornou dono de Portugal.

— Uma série de falsos dogmas foram quebrados. “O PCP e o seu bastião mítico do Alentejo”, o “vêm aí os fascistas”, “a esquerda é boa, a direita é sempre má”, “a única alternativa ao PS é o PSD”, “o país é de esquerda e a esquerda coligada vence sempre”.

— A Portugal chega tudo com décadas de atraso. O muro de Berlim caiu em 1989, decorridos 35 anos o comunismo só agora por cá entra na sua fase terminal. Aguardemos o mesmo destino para o socialismo português. Este tipo de socialismo já não existe na Europa, veja-se o caso de França, o país socialista por excelência e Itália. Esta versão já só existe em Portugal e Espanha.

— Os tempos estão a mudar, veja-se a irrelevância de figuras como Barroso, Cavaco e Ferreira Leite.

— Os grandes derrotados destas eleições foram António Costa, pois dispondo de uma maioria absoluta em menos de dois anos arrasou tudo, quer pelas escolhas regidas principalmente pelo critério da obediência e fidelidade, quer pelos casos graves praticamente diários, fazendo desse modo implodir a credibilidade do governo. Pedro Nuno Santos foi também um dos grandes perdedores, ungido pelos média do sistema, mas que se revelou sem qualquer capacidade política para convencer as pessoas, até pelas provas da sua inépcia enquanto ministro e representante da geração que chega ao poder sem nunca ter trabalhado na vida, a não ser no seu partido. Outro grande derrotado, que cai até no ridículo mais que justificado, foi a comunicação social do sistema, que é tudo menos jornalismo, pois transformou a informação em permanente campanha anti-Chega. O fogo cerrados dos média do sistema como a SIC, RTP, CNN, Expresso e Publico em campanha pela manutenção do sistema PS / PSD foi inútil.

Marcelo também foi derrotado, mas este ficará na história como o pior dos presidentes portugueses dos últimos cem anos.

Quem sabe se em Portugal um dia não cantaremos: “Democracia sempre, esquerdismo e socialismo nunca mais” para celebrar o fim de um sistema em que o partido se confunde com o Estado e o Estado com o partido. Onde predomina o estatismo, os vencimentos de miséria e a tributação excessiva. Teremos então, finalmente, um país mais livre e próspero.