Estado deixa trabalhadoras sem salários e à beira do desemprego, afirmam 25 organizações

“Desde outubro de 2023 que as estruturas de apoio a vítimas não recebem financiamento e foram obrigadas a apresentar candidatura com projetos ao Pessoas 2030 para dar continuidade a esses serviços! Estamos numa situação insustentável, sem qualquer apoio”, refere a PpDM.

A Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres (PpDM) afirma que desde outubro de 2023 que “as estruturas de apoio a vítimas não recebem financiamento” e, por isso, estão “numa situação insustentável, sem qualquer apoio”. 

“Sem o trabalho destas Associações, o Estado não teria resposta para estas problemáticas, mas a atual ‘contratualização’ destas respostas com as Associações, está com pagamentos em atraso, sem possibilidade de submissão de pedidos de reembolso na plataforma Portugal 2030, obrigando-as a recorrer à banca, a fechar serviços e a deixar trabalhadoras com salários em atraso e em risco de desemprego”, diz a PpDM, numa nota, enviada às redações.  

“As organizações que têm serviços de apoio especializado a vítimas de violência relatam: Desde outubro de 2023 que as estruturas de apoio a vítimas não recebem financiamento e foram obrigadas a apresentar candidatura com projetos ao Pessoas 2030 para dar continuidade a esses serviços! Estamos numa situação insustentável, sem qualquer apoio”, refere ainda a nota.  

As Nações Unidas, relembra a PpDM, pedem ao Estado Português que reforce “os serviços de apoio às mulheres vítimas de violência com base no género para corresponder à procura, incluindo garantindo um número suficiente de centros de crise devidamente financiados que prestem assistência jurídica e psicossocial às vítimas” (Observações Finais a Portugal adotadas pelo Comité CEDAW, §23 (b)). Assim, “são muitas as organizações e os serviços de apoio a vítimas que correm o risco de fechar portas”.

“Até quando é que isto nos vai acontecer? Substituímo-nos ao papel do Estado e andamos aqui sempre a pedir, por favor, para tudo!”, pode ler-se.  

Já sobre o novo Governo, a PpDM “exige o financiamento regular inscrito em Orçamento do Estado”, e remata: “Basta de precariedade! Basta de violência institucional contra as mulheres e contra as associações que apoiam vítimas em Portugal!”.  

Subscrevem o comunicado as seguintes associações:

  1. Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres
  2. ACEGIS – Associação para a Cidadania, Empreendedorismo, Género e Inovação Social
  3. Agarrar Exemplos – Associação e Desenvolvimento e Promoção das Comunidades Ciganas
  4. Akto – Associação para a Promoção dos Direitos Humanos e Democracia
  5. AMUCIP – Associação para o Desenvolvimento das Mulheres Ciganas Portuguesas
  6. Associação de Mulheres Contra a Violência
  7. Associação Inspiring Girls Portugal
  8. Associação Mulheres Sem Fronteiras
  9. APEM – Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres
  10. Associação Ser Mulher
  11. Casa Qui – Associação de Solidariedade Social
  12. Contra o Femicídio – Associação de Familiares e Amigas/os de Vítimas de Femicídio
  13. CooLabora , CRL – Intervenção Social
  14. CooperActiva – Cooperativa de Desenvolvimento Social
  15. Dignidade – Associação para os Direitos das Mulheres e Crianças
  16. DOINA – Associação de Migrantes do Algarve
  17. EOS – Associação de Estudos, Cooperação e Desenvolvimento
  18. Fisoot, CRL
  19. Fundação Cuidar o Futuro
  20. Graal
  21. Mulheres na Arquitectura
  22. Mulher Século XXI – Associação de Desenvolvimento e Apoio às Mulheres
  23. Rede de Jovens para a Igualdade
  24. SEIES – Sociedade de Estudos e Intervenção em Engenharia Social
  25. Soroptimist Internacional Clube Lisboa Fundador