No meu último artigo tentei aqui deixar claro que, no dia 9 de junho, estarão em confronto duas visões radicalmente distintas da Europa: a de uma federação comandada a partir de Bruxelas, seguindo a par e passo a agenda 2030 da ONU, representada pelo PPE e pelos partidos portugueses nele filiados, PSD e CDS, de um lado. Do outro, a de uma Europa das Nações, em que os portugueses continuam a ser os autores e os atores do seu próprio destino, respeitando as quatro liberdades fundadoras da CEE e a integração na Zona Euro, mas em oposição frontal à agenda 2030, esse road map para o fim da nossa independência como nação e de cada um de nós como portugueses.
Acrescento uma importante nota: O partido europeu S&D (Socialists and Democrats) ao qual pertence o Partido Socialista português partilha com o PPE a mesma visão de uma Europa federal e cumpridora da Agenda 2030. Quase sempre votam do mesmo lado no Parlamento Europeu.
Dito isto e para colocar o leitor perante factos concretos, as declarações de dois membros do atual governo.
A primeira tem alguns dias e foi prestada ao jornal ONU News pelo SE dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Nuno Sampaio: «Relativamente aos refugiados, Portugal é um país de acolhimento e vai continuar a sê-lo. Este governo (…) vai acolher quer os refugiados, quer os imigrantes, de forma integrada e humanista. Isso é claro. E em relação a esse aspeto não há qualquer mudança». Ou seja, a continuidade da desastrosa política dos governos socialistas. É de estranhar? Não, de todo. Trata-se apenas de cumprir a política do PPE – igual à do S&D – no que toca aos braços abertos à imigração massiva da Senhora von der Leyen.
Ou seja: Quando os portugueses votaram pela mudança, o governo português vai à ONU dizer que neste relevante aspeto vai haver continuidade.
A segunda declaração data de 2015 e foi proferida pelo então deputado europeu e agora número dois do atual Governo, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros Dr. Paulo Rangel, superior direto do anteriormente referido SE Nuno Sampaio no Diário de Notícias de 2 de junho de 2015 e sob o título Há-de chegar um dia em que não haverá Portugal transcrevem-se declarações de Paulo Rangel nestes termos:
O eurodeputado aproveitou a sua intervenção para reforçar a ideia de que «estamos a viver em democracias pós-territoriais». «O nosso mundo mudou (…). Os governos, os parlamentos, já não têm capacidade de resposta para os problemas. (…) O Estado já não tem o monopólio do poder e da legitimidade. Os votos valem hoje menos do que o que valiam no passado. As fórmulas políticas também morrem e há-de chegar um dia em que não vai haver Portugal. (…) Vai chegar um dia em que não vai haver portugueses».
Palavras, umas, do atual MNE e número dois do Governo do PSD e do seu mais direto colaborador como SE dos NE e da Cooperação. Ou seja, no âmago do núcleo duro do atual Governo, temos uma profissão de fé federalista e uma garantia de que Portugal continuará a ser um paraíso para a imigração massiva.
Quando ouvir dizer que o Chega e os seus aliados querem o fim da UE, traduza desta forma: o Chega não quer o fim da verdadeira Europa. Quer, e lutará por isso com todas as suas forças, é o fim desta Europa de onde desaparecerão Portugal e os portugueses.
É isto que irá estar em jogo dia 9 de junho. Não é pouca coisa.