“Para a Europa, especialmente para a indústria automóvel alemã, esta decisão da UE (União Europeia) causará mais danos do que benefícios e não será favorável ao aumento da competitividade da indústria automóvel europeia”. Esta a opinião de um responsável do grupo Volkswagen ao comentar a decisão da Comissão Europeia de impor uma tarifa antidumping temporária de até 38,1% sobre os veículos elétricos importados da China. O principal fabricante de automóveis europeu destacou que a Europa precisa de promover a transição do setor automobilístico para a eletrificação e a neutralidade climática, e não de adotar medidas protecionistas.
De facto, desde que a Comissão Europeia decidiu iniciar uma investigação antidumping sobre os veículos elétricos chineses, em outubro do ano passado, surgiram grandes divergências no seio da Europa. Países como a Alemanha e a Hungria expressaram claramente a sua oposição. Os “impactos” gerados pelos automóveis elétricos chineses no mercado europeu não têm a gravidade que alguns apontam. Dados da consultora norte-americana Rhodium Group mostram que, no ano passado, a participação dos veículos elétricos chineses no mercado da Europa foi de 8%. No entanto, em 2022, a participação dos automóveis elétricos de marcas europeias no mercado chinês atingiu 6%. Responsáveis chineses afirmam não entender as razões pelas quais a UE insiste em usar tarifas para restringir os veículos elétricos chineses, ignorando a opinião dos que se manifestam contra esta medida.
Não só a Volkswagen, mas também a Mercedes-Benz, a BMW e outras marcas consideraram que a imposição de direitos aduaneiros irá impedir o desenvolvimento das empresas automóveis europeias, mas também prejudicar os interesses da própria Europa. A Câmara de Comércio da União Europeia na China emitiu igualmente uma declaração em que exprime a sua preocupação com o facto de a abordagem protecionista europeia poder conduzir a uma escalada das fricções comerciais entre a China e a Europa e ter impacto nas suas relações.
Na Europa, a defesa da cooperação sino-europeia é a voz dominante, mas também existe uma força anti-China. Os que a integram não querem ver o desenvolvimento da China e exageram deliberadamente as divergências ideológicas e dos sistemas políticos entre os dois lados, tentando impedir o aprofundamento da confiança política mútua e a expansão da cooperação pragmática bilateral.
A Europa mantém sempre uma vantagem significativa no campo dos veículos movidos a combustíveis fósseis. Porém, com o rápido desenvolvimento da indústria de veículos elétricos da China, alguns europeus temem que o país asiático possa “ultrapassá-los”. Contudo, a longo prazo, usar meios desleais para reprimir concorrentes, não apenas aumentará os custos para os consumidores europeus comprarem automóveis, como também será ineficaz para realmente melhorar a competitividade das marcas europeias.
A Europa foi vítima das políticas protecionistas dos Estados Unidos, mas agora transformou-se em promotora de atritos comerciais. Segundo alguns analistas, é a pressão de Washington que está na origem desta decisão – ou seja, a UE quer satisfazer os Estados Unidos seguindo o exemplo de impor taxas aos produtos chineses.
A verdade é que a China e a Europa partilham amplos interesses comuns no setor de veículos elétricos. Nos últimos anos, empresas europeias, como a BMW e a Volkswagen, expandiram os seus negócios de automóveis elétricos na China. Ao mesmo tempo, empresas chinesas, como CATL, BYD e GWM, já investiram ou planeiam construir fábricas na Europa.
A competição e a cooperação saudáveis são benéficas para aumentar a competitividade industrial da Europa e alinham-se com a visão europeia de transição energética e desenvolvimento.