A seleção nacional estreia-se amanhã no Europeu defrontando a República Checa, agora sabe-se lá porque raio de teimosia renomeada de Chéquia. Convenhamos que uma vitória seria essencial – mesmo que, tal como em 2016, o terceiro lugar possa garantir o apuramento. Será certamente uma batalha dura, até porque os checos não se dão por vencidos com facilidade, algo que lhes está no sangue desde a Primavera de Praga.
Leipzig é, também, uma cidade marcada por uma batalha violenta, a Batalha das Nações, também chamada prosaicamente de Batalha de Leipzig, entre o exército francês de Napoleão Bonaparte e os exércitos de Rússia, Prússia, Áustria e Suécia. Apesar de toda a sua pesporrência, Napoleão foi derrotado o que nos faz pensar que na Saxónia não ligam muito ao estatuto de favoritos, se é que podemos considerar a seleção de Roberto_Marttinez de verdadeiramente favorita.
Meninos mimados!
Numa opinião que pode entrar em choque com a de muita gente, olho para esta equipa de Portugal – que gozou das amplas liberdades de um apuramento feito com uma perna às costas contra equipas da terceira divisão europeia – e vejo meia dúzia de meninos mimados, sem alma nem garra, usando e abusando do seu alegado valor de mercado, algo que, como todos sabem, sobe e desce com maior rapidez do que a do Elevador da Glória. Há, entre os 26 convocados por Roberto Martinez uns poucos que ainda não provaram nada, nem em termos de clube, nem em termos de seleção. Pior. Há entre esses supremos 26 garotos que têm caído aos trambolhões da escala de valores que é de exigência máxima para uma equipa com o nome egrégio nome de Portugal.
Os jogos de preparação valem o que valem, por mais que seja um lugar comum. Mas deixemo-nos de historietas e aceitemos que a segurança defensiva é outra quando Pepe assume o seu lugar de líder e que o ataque não consegue disfarçar a ausência de um rematador da qualidade de Ronaldo. Contra a Irlanda o futebol de rabia de Portugal transformou-se por completo. Claro que os irlandeses não têm a categoria dos croatas, muito longe disso, mas o capitão da seleção nacional provou à saciedade que continua a ser insubstituível no momento de assumir o seu ‘killer instinct’. Para o jogo contra os checos, Roberto Martinez vai ter de pôr de lado as suas tamanquinhas de treinador situacionista e fazer avançar a Velha_Guarda porque é, apesar de cada vez mais velha, a garantia de um possível sucesso. Não vale a pena insistir na tecla de que temos uma equipa magnífica e abundante de talento quando a vemos a bola ser trocada entre uns e outros sem nenhum objetivo que não seja o de a manter em posse não evoluindo no comprimento do campo. Uma competição da envergadura de um Europeu não se coíbe com rodriguinhos nem com vaidades. Precisa de Homens com agá maiúsculo e não de rapazinhos convencidos que já se consideram no topo do futebol sem terem, no entanto, feito nada que o justifique. Nomes? Acham mesmo que é preciso listá-los? Acho que estão à vista de toda a gente. Cabe a Martinez ter a visão certa daquilo que Portugal pode render. Sendo que, para já, Pepe e Ronaldo são indispensáveis num conjunto que pretende ter ambições. Assim, de repente, custa-me incluir a Equipa-de-Todos-Nós, como lhe chamou um dia o grande Ricardo Ornellas, num grupo de favoritos à vitória na competição. Não se trata, seguramente, de negativismo. É uma realidade que não pode ser mascarada. Há muito tempo que Portugal não defronta equipas do seu nível e a última, frente à Croácia, deixou à saciedade as fragilidades de um conjunto que não suporta a ausência dos seus líderes. Continuem, se quiserem, a teimar que Ronaldo é dispensável e que a seleção joga melhor sem ele. Mas, na hora de chutar à baliza e fazer golos, digam-me que é melhor do que ele? E assim continuamos dependentes da sua objetividade.