Portugal estreou-se no Euro e manteve o registo a que já habituou os adeptos: ficou a sensação de que a superioridade face ao adversário (República Checa) era evidente, mas a possibilidade de derrota iminente. À parte disso, mantém-se a fé inabalável de que a vitória pode estar sempre ao alcance da equipa. Tal como no Euro2016.
A história de Portugal nesse ano é, aliás, daqueles contos que não são demais repetir, como aquele livro preferido que os mais novos pedem para ler todas as noite, sem exceção, antes de irem dormir. Por norma, já sabem de cor cada linha, mas o entusiasmo é estranhamente o mesmo, como se estivessem a ser apresentados às personagens pela primeira vez. O percurso feito pela seleção portuguesa há 8 anos cria esse tipo de sentimento: a cada vez que se volta a rever a jornada completa (e no momento atual não faltam pretextos), a conquista da taça dos campeões ainda parece mais extraordinária, desde os três empates da fase de grupos ao pontapé surpresa e de meia distância do Éder.
Mas agora o capítulo é novo e as personagens, ao contrário do que acontece nos livros infantis, vão sofrendo algumas alterações.
Cristiano Ronaldo não deixou de ser protagonista, mas entrou um novo herói na obra. Francisco Conceição só precisou de dois minutos para juntar-se ao pai, Sérgio, na lista de marcadores dos Europeus e tornou-se o responsável pelo desfecho feliz desta narrativa.
Além de Chico, também Pepe merece uma menção destacada, porque apesar de o visual ajudar a manter a mesma aparência, aos 41 anos só o profissionalismo faz dele o jogador mais velho a atuar num Europeu.
Já noutros campos, a estrela portuguesa foi Neemias Queta. O gigante de 2,13 metros e 112kg que cresceu no Vale da Amoreira tornou-se campeão da NBA pelos Boston Celtics, apenas três anos depois de ter sido o primeiro português escolhido no draft da liga de basquetebol mais conceituada do mundo pelos Sacramento Kings.
Mais do que o campeonato ou dos minutos que jogou, o anel da NBA representa o percurso de Queta desde o Barreirense até ao topo da modalidade. Onde exibe orgulhoso a bandeira portuguesa.