Um centímetro separa dois gigantes. Já discutiram sobre quem é mais alto e a tão alto que chegaram – e até quem deixou o buraco maior: se o da RTP ou da Expo-98. Dizem que foi só ‘contra informação’.
Quem os odeia – por se acharem de tamanho maior – diz que não estão à altura e não têm habilidades elevadas; que dão golpes baixos e batem abaixo do cinto; que balançam as pernas à mesma velocidade que mudam de opinião e estão sempre em bicos de pés.
Mas, a verdade, é que têm os pés no chão, não precisam de se curvar, nunca ficam deprimidos porque estão sempre a olhar para cima; no sofá ou cama tanto lhes faz e não incomodam ninguém no cinema. Mais: ficam sempre à frente nas fotografias.
Marques Mendes e António Vitorino são do tamanho que se veem e estão a ganhar balanço para subir a ladeira do Palácio. Do Tejo há um periscópio apontado a Belém. Mas, o aspirante-almirante com rastilho curto e tanta dinamite a qualquer momento pode detonar. Tamanho não é potência e farda nem sempre é competência.
Sim, há um ‘galheteiro’ a caminho de Belém. É preciso temperar o Palácio porque o pimenteiro cozinhou tanto o estrugido que ele próprio acabou esturricado. Se antes todos gostavam, agora já poucos aguentam o chef da sintaxe figurada.
Lá nas alturas, António Vitorino já bateu Marques Mendes. O socialista fez ‘pan-pan’ ao social-democrata que teve de abortar a descolagem de Efromovich. Vitorino foi mais forte na turbulência da TAP e da Torre acenou-lhe com um Alfa-Delta-Echo-Uniform-Sierra.
Vitorino e Mendes têm cabeças brilhantes, são divertidos e muito empáticos na rua. Se ao socialista há quem o classifique de ‘fenómeno’, ao social-democrata chamam-lhe o ‘génio’. E se Marques Mendes já vence Marcelo nas audiências, Vitorino já não diz que não é ‘candidato a candidato’.
Marcelo também já disse que Vitorino tem agora a oportunidade de pôr as suas capacidades ao serviço de Portugal – mas o ex-ministro não entusiasma os dirigentes socialistas que rapidamente vieram acusar o PR de querer destabilizar. De Mendes, Marcelo diz que tem o perfil porque é imbatível, preciso e de ideias concretas – mas muitos social-democratas não lhe perdoam que pense pela própria cabeça.
Sim, são esses menorzinhos, os tais sacanões que procuram ‘centenos’ de razões para que ambos marquem ‘passos’ na corrida a Belém; que vasculham no lixo os dinheiros, (supostamente) transferidos pelo genro de Dias Loureiro para António Vitorino ou os favores (supostamente) pedidos por Marques Mendes a um dos arguidos no caso dos Vistos Gold.
Ser baixo não tira poder. Vitorino já passou revista a comandos com mais meio metro que ele; Mendes já fez quase tudo na política e na vida. E, quando a altura foi problema, o socialista mostrou que tem mais talento do que outros em menos espaço e o social-democrata foi pedir emprestados uns centímetros a listas telefónicas. Se ambos fossem pequenos, desviavam-se dos problemas – e nunca se desviaram.
Sim, uns são grandes e outros nem tanto. Vitorino e Mendes não nasceram grandes, mas engrandeceram e Portugal ficará maior se um deles vier a ser o próximo Presidente da República.
Mas, porque a ignorância é fatalidade, há de menos os que estão um centímetro acima do macaco e demais os que ficaram um centímetro abaixo do porco. Talvez um dia os portugueses valorizem as ideias e desprezem a imbecilidade.
Já no “Contra Informação” de Janeiro de 1997, “Marques Pentes” e “Tony Vitorino” discutiam qual dos dois era o mais alto.