Os destinos mais procurados pelos portugueses

Portugal – com destaque para as ilhas – continua a ser o destino preferido dos portugueses. Mas, lá fora, há destaque para Cabo Verde, Paris, Brasil, entre outros. Uma coisa é certa: os portugueses estão a viajar cada vez mais.

Portugal é o destino mais procurado por quem cá vive. De norte a sul do país, há muito para visitar e os portugueses gostam muito de conhecer o país onde vivem. No entanto, férias são sinónimo de viagem. O desejo de viajar está mais forte que nunca e há outros destinos que os portugueses não dispensam. E sabe-se que estão a comprar viagens “como nunca”.

Para Nuno Mateus, diretor da Solférias, o top 3 é composto por Cabo Verde, Paris e Senegal. Este último entra na lista recentemente mas tem uma grande expressão, principalmente nos últimos dois, três anos, pela abertura do Riu Baobab. “Lançámos charters e a partir daí o Senegal cresceu exponencialmente. Teve uma revolução no bom sentido em termos de procura de Portugal devido à abertura desse hotel”, porque, na sua opinião, “muda completamente o conceito”.

Segue-se Tunísia, Egito, depois Portugal no seu todo – “que claramente é dividido entre Portugal continental, Madeira, Porto Santo e Açores –, Brasil, Zanzibar, Marrocos, São Tomé, e outros “idílicos de longa distância”, como Maldivas, Cuba e Tailândia.

Nuno Mateus defende que há um “fator muito importante”. “Para que haja um destino com procura tem que haver boas ligações aéreas. Um destino que não tenha boas ligações aéreas, pode ter alguma procura mas acaba por ser marginal, não é expressiva. Quando há um operador com um bom charter e a relação qualidade preço torna-se acessível, é diferente”. E dá um exemplo. “Oferecemos Zanzibar a nove horas de Lisboa. Com escala, demora umas 15h ou 16h. É um conceito completamente diferente. É verdade que o voo têm outras vantagens que o charter não tem. Depende do que o cliente queira fazer”, assegura.

Já na Lusanova, a tendência vai para outros países. “Dentro do leque de oferta de destinos que a Lusanova tem apresentado ao mercado nos últimos anos, os mais procurados têm sido os destinos nacionais, com destaque para os arquipélagos portugueses dos Açores e Madeira, assim como destinos europeus, nos quais se destacam a Itália, França, Benelux e Alemanha. Em termos de destinos de longo curso, temos observado uma forte apetência para o Sudeste Asiático, Índia e América do Sul (Brasil e Argentina)”, diz ao i Tiago Encarnação, diretor operacional da Lusanova.

Questionado sobre se se notou alguma inversão na tendência ao longo dos anos, o responsável diz que se notou “que os viajantes estão mais conscientes das escolhas que fazem para as suas viagens, optando por destinos e produtos de maior qualidade”. E verificou-se ainda “um crescimento das viagens à medida, ou seja, ajustadas às necessidades destes”. Porém, acrescenta Tiago Encarnação, “ainda registamos muita procura por circuitos com itinerários predefinidos, que incluem transporte, alojamento, visitas, guia, algumas refeições, entre outras experiências. Sempre com partidas garantidas e guias em língua portuguesa”. E acrescenta que “aos poucos os destinos de longo curso têm tido maior procura em detrimento dos de curto e médio curso. Toda esta procura por parte do público fará com que os dias em viagem sejam maiores bem como o valor das viagens”.

Portugueses viajam mais

Questionado sobre se os portugueses têm viajado mais, o diretor da Solférias não tem dúvidas: “Claramente estão a viajar mais”, detalhando que a Solférias atingiu números recorde em 2019. 2020 e 2021 foram anos maus por consequência da pandemia, mas 2022 superou recordes de 2019 e 2023 conseguiu superar os de 2022. O que quer dizer que os portugueses estão a viajar mais.

No entanto, há atenção a gastos. Lembrando que muitas das pessoas que não viajavam por agências de viagens na altura do lockdown mundial e perderam milhares de euros, Nuno Mateus adianta que a confiança nos operadores aumentou porque “a verdade é que todos os clientes que reservaram através das agências de viagens e, por consequência pelos operadores, em primeiro lugar tiveram apoio, repatriamento, reembolsos, tudo”. E, por isso, agora “há  uma nova geração de turistas que já nem queriam saber das agências de viagens e que voltaram por uma questão de confiança. Essa percentagem normalmente aumenta e as nossas vendas também. O mercado cresceu mas não é só o crescimento de mercado. A quota de marcas nas agências / operadores em relação ao que é comprado, aumentou”, diz ao i.

Tiago Encarnação é da mesma opinião: “Sentimos um maior interesse em viajar por parte dos portugueses, que se tem refletido no crescimento das vendas do operador turístico Lusanova”, diz ao i. E dá um exemplo: “Neste momento, às portas do verão, registamos uma tendência de crescimento de 15% no volume de faturação”.

Há mudanças nas escolhas?

O i tentou ainda perceber se há alguma mudança nas escolhas das viagens por motivos orçamentais, tendo em conta o aumento da inflação – que tem abrandado –, as subidas das taxas de juro e outros problemas económicos. “Nos primeiros dois anos não tenho dúvidas nenhumas que teve a ver com o facto de o cliente ter poupado. A partir daí acho que houve uma mudança de filosofia porque neste momento as poupanças já foram, a inflação não ajuda… acho é que se nota cada vez mais as viagens como um bem de primeira necessidade. Até porque se olharmos para a nova geração, é capaz de gerir muito melhor o seu dia a dia mas não abdica de viajar”, disse.

O diretor operacional da Lusanova defende ser “inegável que a situação económica tem sempre um impacto direto nas escolhas de viagem e férias dos portugueses” e acredita que, “na hora de tomar decisões, muitos possam optar por excluir destinos mais caros em favor de alternativas mais acessíveis. Contudo, os viajantes estão mais conscientes das escolhas que fazem para as suas viagens, optando por destinos e produtos de qualidade”.

E confessa que, em termos financeiros, houve aumento da despesa. “Nos últimos anos, os preços das viagens aumentaram devido a vários fatores, como a inflação, o aumento do preço do petróleo, as taxas aeroportuárias, entre outros”, explica Tiago Encarnação, acrescentando que “o turismo é uma indústria particularmente vulnerável a diversos acontecimentos mundiais, o que impacta diretamente os custos associados às viagens”. Portanto, finaliza, “é comum que os preços dos pacotes turísticos aumentem, e em comparação com o ano anterior, aumentaram”, destacando que, na Lusanova, “esse aumento de preços não afetou a procura e a escolha dos destinos da nossa oferta”.