«Pedro, Pedro, Pedro, Pedro, Pe», provavelmente já ouviu por aí esta letra e se não ouviu, seguramente que a irá ouvir numa das muitas pistas de dança de norte a sul do país, este Verão. A música que é agora recuperada foi lançada em 1980 pela italiana Raffaella Carrà e é apenas uma das muitas que no formato original ou com alguns arranjos ‘à mistura’ vão ganhando nova vida e provando cada vez mais (se é que havia dúvidas ) que a década de 80 foi talvez a mais mágica e rica em termos de sonoridades. Bem, pelo menos a mais divertida foi seguramente. Não é por acaso que ainda hoje a discoteca Studio 54 em Nova Iorque é considerada a melhor discoteca de sempre. Embalada pela música Disco que apareceu em meados dos anos 70, prolongou-se pela década seguinte fazendo as delícias de quem não dispensava um pezinho de dança ou uma boa dose de loucura. É atribuída a Steve Rubell (a cara da famosa discoteca ) a célebre frase de que para um espaço ter sucesso precisava de ter uma mescla de loiras, gays e celebridades mas que 50% devia estar destinado aos ilustres desconhecidos que seriam selecionados à porta e davam vida e dança à pista.
De Boogie Wonderland e September dos Earth Wind & Fire ao Last Night a Dj saved my life dos Indeep, de Diana Ross a Michael Jackson os êxitos dessa época são mais que muitos e lançaram definitivamente os DJs que animavam as discotecas para o estrelato. No Brasil, Tim Maia dava corpo a um estilo que ainda hoje perdura e a sua música Acende o Farol continua presença assídua nos mais variados sets. Era o tempo dos dourados e do colorido, da boca de sino, dos neons e dos patins. A música era de tal forma importante que se começaram a levar para a praia os chamados ‘Boombox’, aqueles rádios enormes, pretos ou prateados, de K7’s enquanto as miúdas mostravam os seus corpos dourados pelo óleo de ébé ou outros bronzeadores. Por cá o Grupo de Baile lançava Patchouly e surge então a primeira girls band portuguesa, as Doce, com temas como Amanhã de manhã, Ok Ko ou Bem bom que é o exemplo perfeito dos tempos que por cá se viviam ‘Cinco da manhã ai sim coração sigo, O bater das seis e meia de loucura, Sete da manhã ouvindo um disco antigo,hoje é o primeiro dia, Do resto da tua vida, São horas a mais E já não há saída’.
Mas os anos 80 não foram só Disco, exemplo disso é aquele que é considerado por muitos o melhor e mais criativo cantor português, António Variações, com a Canção do Engate, É P’rá Amanhã, Povo que lavas no Rio ou …O corpo é que paga. A cultura pop-rock pegava de estaca com George Michael e os inigualáveis Queen de Freddy Mercury com Radio Gaga ou A Kind of Magic. São muitas as músicas que ainda hoje continuam a ser ouvidas, Your Love dos The Outfield, Don’t You dos Simple Minds, The Winner Takes it All dos ABBA, Build dos Housemartins, Forever Young dos Alphaville ou Start Me Up dos Rolling Stones. Foram tantas e tão boas que não caberiam em 10 crónicas.
Ah e nessa altura não havia telemóveis… as pessoas divertiam-se à séria!