O que se está a passar na Europa e no mundo

Sem argumentos, a casta não corre o risco de debater. Chumba, censura, insulta, ignora, dá lições de moral. Mas não debate.

Quarta-feira passada, o grupo parlamentar do Patriots for Europe, o terceiro em dimensão do Parlamento Europeu, propôs que se procedesse a um debate sobre o atentado a Donald Trump. Segue na íntegra o essencial do texto da proposta.

«Nós, os Patriotas pela Europa, estamos chocados com as últimas manifestações de violência na Europa e nos Estados Unidos. Nós contestamos liminarmente todas as formas de violência na vida política. Queremos ficar seguros de que as tentativas de assassinato do candidato Donald Trump e do primeiro-ministro eslovaco Robert Fico não ficarão sem consequências. Consideramos que o silêncio cúmplice da extrema-esquerda e a legitimação de actos violentos contra políticos patriotas são inaceitáveis. Pedimos que a esquerda, no seu discurso, respeite os adversários e esperamos um tratamento justo e equilibrado por parte dos media. Rejeitamos firmemente a prática generalizada de etiquetar todos os rivais políticos como de extrema-direita e de colocar à sua volta um cordão sanitário. Isto viola as mais elementares regras da democracia e do Estado de Direito. Condenamos fortemente todas as formas de violência contra políticos e apelamos a todos os partidos da extrema-esquerda globalista para que respeitem a escolha política e a liberdade de opinião de todos os eleitores e para que parem de demonizar partidos e políticos que não subscrevam as narrativas da corrente dominante. A sua intolerância aplana o caminho da violência politicamente motivada e coloca em perigo as nossas instituições democráticas».

Esta proposta levanta questões essenciais e era de todo o interesse que fosse debatida. Mas foi chumbada Pela extrema-esquerda, claro. Mas também pelo bloco central que domina a política de Bruxelas há dezenas de anos e que assenta sobre os nossos já conhecidos três pilares do centro radical que são a esquerda socialista do S&D, o centrinho do centrão representado pelos chibantes liberais do ALDE e os supostamente democratas cristãos do PPE no qual se incluem o CDS e o PSD. 

Sem argumentos, a casta não corre o risco de debater. Chumba, censura, insulta, ignora, dá lições de moral. Mas não debate.

Cercados pelo povo a que reduziram a classe média, os oligarcas da casta não entenderam ainda que por mais cordões sanitários que estendam e linhas vermelhas que tracem; por mais censura sofisticada que promovam, ou diques de palha que levantem, ou engenhosas manigâncias que inventem, esses oligarcas não entenderam que o mundo deles acabou. E isto por muito que entulhem as universidades de compinchas ignaros, ou mobilizem os atores plastificados das hollyhoods da vida; ou por muitos ministérios da verdade que criem, por imensos fact checkers que comprem ou por mais patranhas que vendam, os oligarcas vivem num mundo que já não existe. Tão distante do nosso quanto o mundo do plistoceno.

Encerrada no último andar da torre de marfim do seu palácio de Bruxelas, uma Maria Antonieta pós-moderna, pergunta aos seus dez mil serviçais e cortesãos porque não atiram eles brioches aos ‘deploráveis’ que lhe sujam a paisagem e que insistem em encher as urnas de votos ‘errados’. Porque as revoluções de hoje fazem-se com votos, tomadas da Bastilha e assaltos ao palácio de inverno passaram de moda. Pelo menos, à Direita.