Paz Ferreira: “Não há um ano em que não passe um período nos Açores”

Eduardo Paz Ferreira elege sempre a praia como destino de férias.

Quais são as recordações mais fortes que tem das férias com os seus pais? As do amor e sensibilidade de todos e do tempo mais longo para estar com eles. As de jogar ao ténis de mesa e ao croquete com o meu pai. As magníficas sessões de cinema em esplanadas ao ar livre.

Voltou ou volta com frequência ao seu lugar de férias de criança?

Volto sempre que posso. Por regra, não há um ano em que não passe um período nos Açores, cada vez mais diferentes do que eram nesses tempos para o bom e para o mau.

Mantém amizades com os ‘vizinhos’ de praia?

Nos Açores, as praias são escassas e não há tradição de praia na época balnear. Na Ilha havia, no entanto, alguns sítios privilegiados para passar férias: as Furnas, a Caloira, as Sete Cidades. Era muito engraçado porque os jornais locais anunciavam onde as pessoas se encontravam em férias.

Qual foi o primeiro livro que se recorda de ter lido e qual o marcou mais?

Creio que ninguém consegue com certeza dizer qual o primeiro livro que leu, mais provavelmente identifica um livro de que lhe falaram quando era pequeno. Apesar de tudo, arrisco no Mar Novo, de Sophia de Mello Breyner Andresen, mas não posso excluir outras hipóteses muito comuns como Alice no País das Maravilhas ou O Principezinho. Creio que o mais marcante foi O Principezinho.

Que música associa ao verão?

Difícil fugir ao Summertime e à espantosa versão de Ella Fitzgerald e Louis Armstrong. Nos meus tempos de jovem adulto veio-se juntar Summer of 42, de Michel Legrand, para o filme do mesmo nome sobre as dores da adolescência. Para terminar o Verão não resisto a recordar Setembro de Madalena Iglésias: “ eu esperava por Setembro para voltar a ver-te, para voltar a encontrar-te”.

Qual é para si o ideal de férias?

Tranquilidade absoluta, amizade, tempo para nos encontrarmos com nós próprios e os outros.

Que hobbies não dispensa em férias? E restaurante?

Os triviais: leitura e música. Quanto aos restantes alegra-me reencontrar os bons velhos amigos e ver a qualidade dos novos que se expandem.

Qual foi a pior experiência de férias que teve?

Para quê recordá-la, se nos resta todo o ano de trabalho para más experiências?

Praia ou campo? Portugal ou estrangeiro?

Praia, sempre praia, como não pode deixar de ser para quem nasceu numa ilha. Ainda assim, a bela literatura de Thomas Mann, Stefan Zweig ou Henry James são apelos fortes. O meu livro favorito é a Montanha Mágica. Não discuto Portugal ou estrangeiro. Só quero um sítio onde seja feliz.

O que o chateia mais na praia?

Antigamente cabazes, garrafões e aparelhos de rádio. Hoje, definitivamente os telemóveis sempre a tocar.

Quais são as suas praias preferidas?

Nem sob tortura o confesso. Já há gente que chegue!

Quem mandava dar um mergulho para refrescar ideias?

Preferiria não contribuir mais para a poluição do mar.

Cerveja, vinho, sangrias ou água?

Mojito, gin tónico e, seguindo a moda, aperol spritz.

Faz ginásio/pratica desporto durante as férias?

Credo. Jesus. Estou em férias para descansar, apenas longas caminhadas na praia.

Durante as férias passa mais tempo a atualizar as redes sociais ou aproveita para se desligar desse mundo? Desliga-se da atualidade nacional e internacional?

Já estou desligado de origem. Infelizmente, um pouco de atenção à atualidade é, nos tempos que correm, necessária, mas apenas na justa medida.

Chega-lhe uma semana de férias, 15 dias ou não prescinde de um mês seguido?

E porquê só um mês?

Qual o seu maior vício em férias?

Não tenho. Guardo-os para o tempo de trabalho.

Que talento pagaria para ter?

Da oração da serenidade: «Deus, conceda-me a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar as coisas que posso e a sabedoria para discernir uma da outra. Vivendo um dia de cada vez, apreciando um momento de cada vez».

Qual o político que mais admira ou admirou?

 Em Portugal, António Ramalho Eanes e Francisco Salgado Zenha.

Com quem não se quer cruzar de todo?

Para quê perder tempo a lembrar essas pessoas, com as quais não me irei mesmo cruzar? Até porque se isso acontecesse, não as veria na mesma.