Tudo incluído é o ideal de férias para quem não quer lavar a loiça. É indiferente se o tudo incluído se passa em Marrocos, México ou nas Ilhas Gregas. O que importa é que não se tenha de pensar em refeições, em filas de trânsito ou em estacionar o carro. Tudo incluído é a versão fast food das férias. Apanham-se aviões baratinhos e barulhentos, fora de horas e com escalas de horas, para se chegar a um sítio repleto de hotéis, os quais estão repletos de crianças aos saltos nas piscinas de água morna devido ao calor e às necessidades.
Tudo incluído, inclui uma pulseira que dá livre aceso a espreguiçadeiras, ao ginásio e a comida. Raramente há espreguiçadeiras para todos os interessados, o ginásio não se usa em período de férias – já chegam as vezes a que se falta durante o resto do ano – e a comida é a razão pela qual se atravessaram países para chegar ali. Para se poder comer pizas e hambúrgueres, gelados e tostas, frutas de todas cores e feitios. E consumir o máximo de bebidas de cores estranhas e sumos, gasosas e cervejas. Parece que não se paga apesar de já se ter pago e por isso sabe tudo a coisa oferecida. E não há nada melhor do que ter coisas de graça. Mesmo que não apeteça mais, que não se goste assim tanto e que haja fila para chegar ao buffet. A palavra de ordem do tudo incluído é aproveitar. Porque seis dias e sete noites não são uma eternidade.
O tudo incluído é democrático, global e popular. Somos todos iguais quando competimos pela última mousse da vitrine, quando apressamos o passo para chegar à última espreguiçadeira que descansa à sombra e porque comemos o mesmo número de gelados e de bebidas cor de laranja que o vizinho do Rolex. É global porque é indiferente a países. Nesta modalidade de férias não se tem como destino um país mas sim uma cadeia de hotéis entre as muitas que povoam o Mediterrâneo e as costas tropicais. A cor e a temperatura do mar assim como o tipo de comida, é a mesma em todo o lado. Tal como a roupa da Zara nos centros comerciais do mundo inteiro. E é popular. Se dantes se carregava o carro com o fogareiro, a tenda e as crianças a embirrar no banco de trás para passar as férias em parques de campismo a cozinhar, a lavar a loiça no mar e a fazer a sesta no pinhal, hoje as mulheres libertaram-se e o conceito do popular evoluiu. Vai-se de avião, as crianças não embirram porque os tablets aos gritos neutraliza-lhes o cérebro, as emoções e os sentidos e os mais novos mergulham na apatia. E também se podem encher as redes sociais com fotografia na piscina em Punta Cana, da praia na Tunísia ou do transfere em Cádis sem ter de se levar com as secas dos percursos culturais, das visitas aos monumentos ou conhecer um único nacional.
O parque de campismo de ontem é o resort de hoje. Férias que são férias é deixar os miúdos na piscina e não pensar em refeições ou em camas por fazer. Seja em Bali ou em Portimão. Só que parece que o tudo incluído mais em conta é no estrangeiro, seja ele árabe ou sul-americano. Em todos há pizas até não se poder mais.