Os nossos filhos cresceram numa altura em que é suposto desconfiar. A confiança nas instituições, nos mais velhos e bem falantes foi chãoque já deu uvas. Dos políticos, aos influencers, passando pelos jornalistas e os comentadores, todos são potenciais mentirosos.
O quarto, o quinto ou o sexto filho, desde que seja o último, não se educa, gere-se. A experiência, infelizmente, leva-nos a ter a mesma confiança que levou a lebre a perder a corrida contra a tartaruga. Por causa disso tenho um filho por educar.
O Papa Francisco apelou aos jovens que não tenham medo de assumirem a sua fé, de se aventurarem para fora das suas zonas de conforto entre as paredes das igrejas e que sejam tolerantes, mantendo-se fiéis e coerentes. Ter filhos mais católicos do que os pais é uma realidade nova no mundo Ocidental e o…
Por cada criança que publica um vídeo no TikTok, a CPCJ devia receber um alerta e abrir um inquérito. As crianças, quando abrem contas no TikTok denunciam onde moram, quem são e lançam a sua imagem para o mundo em busca de likes e partilhas. Parece-me que falhamos em toda a linha.
Se um dia, que parece cada vez mais próximo, alguém nos pedir ou exigir que enviemos os nossos filhos para um campo de batalha, não saberemos porquê, para defender o quê e com que objetivo.
Não há nada de racional em ser político: não se progride, não dá currículo, não se ganha tanto quanto no setor privado, não há qualquer privacidade e o risco de se ir ao chão porque uma resposta não foi certeira ou porque o cunhado tem um terreno rural é iminente.
Quando um filho telefona a um pai para saber como é que ele está, é sinal de alarme: quer dizer que o pai ou está doente ou está velhinho. Jovem que é jovem, precisa dos pais, não são os pais que precisam dele.
As pessoas só se riem com trambolhões, gafes e do ridículo. Mas o ridículo não é humor, é uma tristeza. Um deputado que, alegadamente, roubou malas não tem piada nenhuma, é só ridículo; aquilo que tem piada é o deputado ser do Chega.
No Natal, ao contrário das outras festas, temos de dar. É esta a grande diferença. Temos mesmo de pensar nos outros ou entramos em contramão.
O meu filho reclamou que devia ter nascido mais cedo para poder viver mais tempo comigo. Os filhos culpam os pais de tudo, até de morrermos.
Ceder ao extremismos é como deixar que os nossos filhos invadam o Capitólio. E quem fica a limpar o chão somos nós.
Em 2024, são as mães que passam mais tempo com os filhos as principais responsáveis pelas tarefas domésticas e que carregam a culpa das falhas. A pressão, cultural e social, está sobre elas. E o insucesso escolar dos filhos também.
Quando uma escola pública é boa, quer dizer que é boa apesar do sistema. Já uma escola privada tem a obrigação de ser pelas condições que tem. Numas e noutras depende essencialmente do corpo docente e dos diretores.
O mundo está barulhento. Dos telemóveis aos gritos, à grotesca cerimónia dos Jogos Olímpicos, passando pelos insultos nas redes sociais, parece que o sossego foi e férias.
O tudo incluído é democrático e global. Somos todos iguais porque temos direito ao mesmo número de bebidas cor de laranja que o vizinho do Rolex. E é global porque não se tem como destino um país mas sim uma cadeia de hotéis.
Os pais educam com a ajuda do Excel enquanto as mães fazem gatafunhos numa tela em branco convictas que estão a criar obras de arte. Foram séculos disto e a genética é teimosa.
Um dos meus filhos chegou desfasado do resto dos irmãos e tem crescido como filho único: é mimado. Nem se espera pelos anos do menino para lhe dar o novo equipamento do Benfica.
Os jornalistas estrangeiros ficaram a saber que o contacto mais importante do país é o do neto do Presidente. A minha avó também tinha netos preferidos, o azar deles é que não era Presidente de nada.
Sara Rodi. Autora de mais de quarenta livros para crianças, jovens e adultos, é também argumentista em diversos produtos de ficção televisiva e tem 4 filhos.