Está provado que Portugal inventou a escravatura, o racismo, os preconceitos contra as minorias, a discriminação dos vegetarianos, as touradas e o tiro aos pombos. Infelizmente, a maioria das pessoas não acredita nisto. Pior ainda, tem orgulho da nossa História. Assim sendo, há que atuar sobre as crianças para formar um novo homem expurgado de propaganda colonialista. Ainda que tenha exagerado um pouco, Pol Pot tinha razão: os adultos são um caso perdido, mas há esperança para os jovens.
E a esperança chama-se programa da disciplina de História de Portugal. Se os adultos têm orgulho do seu passado, as crianças deverão sentir vergonha. Entram na aula todas contentes, mas, quando a campainha tocar, já deverão ter vontade de rasgar o manual e derrubar estátuas. Quanto aos adolescentes, além de rasgar livros e vandalizar monumentos, deverão ainda descolonizar-se no TikTok. Para isso acontecer, basta contar a verdade. Porque, desde o início, Portugal começa mal.
Em vez de celebrar a independência, os manuais deverão ensinar que a fundação de Portugal foi um ato de xenofobia contra emigrantes galegos e castelhanos que levou a deportações destas minorias étnicas. Dom Afonso Henriques foi um tirano que também cometia violência doméstica sobre a mãe, instigava lutas de cães contra ursos e sacrificava cavalos nas suas guerras. Ainda mais grave: impediu os cristãos de participar no primeiro Gay Pride no Algarve, com jantar no restaurante do Gigi.
A reconquista cristã marca o início de uma campanha de islamofobia que, no presente, tem levado partidos de extrema-direita ao poder. Há semelhanças entre a destruição de mesquitas no século XII e queima de sinagogas na Alemanha Nazi, assim como entre a conquista do Algarve e a invasão da Polónia. O próprio Donald Trump já admitiu que a expulsão dos árabes o inspirou a expulsar mexicanos.
A crise dinástica de 1383-1385 demonstra, além dos supracitados preconceitos étnicos dos portugueses, tendências patriarcais por não aceitarem que a filha de Dom Fernando, Dona Beatriz, casada com Dom João I de Castela, pudesse ser rainha de Portugal. Aliás, sendo Castela feminina e Portugal masculino, está tudo dito.
Por fim, os Descobrimentos são expoente da ignomínia portuguesa pois foram financiados pela escravatura e inventaram o racismo. E o facto de a escravatura em massa só surgir após a colonização africana, parecendo um contrassenso afirmar que esta resulta daquela, só demonstra a perfídia dos portugueses na tentativa de baralhar os historiadores do futuro. Depois, o Tratado de Tordesilhas vai inspirar pactos infames como a partilha de África pelas potência europeias, o pacto Molotov–Ribbentrop, o pacto satânico de Charles Manson e a aliança entre os Peaky Blinders e a máfia russa.
Contada assim a História, demonstrando o mal que trouxemos ao mundo, Portugal poderá então aproximar-se dos avanços civilizacionais do Camboja dos Khmers Vermelhos.