Cão, o melhor amigo do Homem. Fiéis, companheiros e protetores

Os cães mostram amor, são inteligentes e podem ser a salvação de muitas pessoas. Os estudos falam mesmo em benefícios de ter um canídeo.

A ciência comprova-o: ter um cão faz bem à saúde física e mental. Vários estudos realizados a nível mundial, como o da Universidade de Konkuk, na Coreia do Sul, revela que a interação com cães pode ter efeitos antistress nos humanos e que o contacto com estes animais aumenta a atividade cerebral em zonas associadas ao bem-estar e ao foco.

Teresa não tem dúvidas de que a sua cadela lhe salvou a vida “muitas vezes”. Em plena pandemia, depois de ter ficado sem trabalho e isolada, decidiu adotar um cão. Defende que era algo que queria desde miúda mas a responsabilidade assustou-a sempre. E a falta de tempo para o animal também era um problema. Mas a pandemia mudou tudo. “Passou a ser, literalmente, a minha melhor amiga. Levantava-me para ir com ela à rua, brincava com ela em casa, tinha que a alimentar e não deixar que ela ficasse sozinha”. Dory é o nome da cadela que veio dar outro sentido à vida de Teresa. “Foi uma realidade diferente da que eu estava habituada e, vivendo sozinha, trouxe-me uma vida diferente da que tinha. A pandemia foi péssima para mim e sem ela ter-me-ia ido ao fundo”. O único arrependimento? “Não ter adotado mais cedo”.

Filipa Soares também sempre quis ter cães mas só já perto dos 20 a mãe permitiu que os tivesse. “É uma responsabilidade, mas são uma companhia incrível”, conta ao i. E confessa que, apesar das duas cadelas que tem nunca lhe terem salvado a vida – porque nunca foi preciso – percebem exatamente o que estamos a sentir e reagem consoante o que se estiver a passar. “Já aconteceu a minha mãe sentir-se mal e elas começarem a ladrar para que outras pessoas percebam. Ou então sentarem-se ao nosso lado quando estamos menos felizes e darem-nos carinho. Percebo que seja difícil acreditar para quem não acha piada a animais ou não os tenha mas eles percebem mesmo o que estamos a sentir e ajudam muito mais do que se possa imaginar”.

É, garante, um “amor incondicional”, “quase como se fosse um filho”. Ainda que entenda que não se deva humanizar os animais, Filipa Soares diz que devem ser tratados com todo o respeito e amor porque, no fundo, “é só isso que eles nos dão”.

Os estudos corroboram estes testemunhos com várias análises a nível mundial que garantem que ter cães diminui o risco de depressão, ansiedade, stress e solidão e está associado associado a uma redução de 24% das mortes prematuras por qualquer causa.

Cães que salvaram a vida dos donos

O amor que os cães têm aos donos, dizem, é inquestionável e muitos salvaram os seus melhores amigos de grandes tragédias, tendo até alguns perdendo a vida na sequência desse salvamento. Um dos casos mais recentes aconteceu em Portugal. Nala sentiu um incêndio a acontecer num prédio na Avenida de Roma, em Lisboa. Começou a ladrar muito para que o dono se apercebesse da situação e conseguiu. Apesar de ter salvo o dono e outro cão que vivia consigo, Nala não resistiu. Inalou muito fumo, ainda foi transportada mas os cuidados intensivos mas não foi possível salvar-lhe a vida.

E não é caso único. O cão Axel salvou a vida de um adolescente de 17 anos. Gabriel Silva estava a sofrer um derrame e o cão alertou os pais. Amanda Tanner, mãe do jovem, disse ao Today que Axel tentou acordá-la durante algum tempo por volta das 5 da manhã do dia 26 de agosto do ano passado. “Estava a acariciar-me mais que o normal, a abanar-me mesmo”, contou.

Imaginando que Axel precisava ser solto, Tanner abriu a porta do quintal da família. Mas em vez de sair de casa, Axel correu escada abaixo até onde ficava o quarto de Gabriel e começou a arranhar a porta. O rapaz realmente precisava de ajuda, não conseguia falar como deve ser e foi imediatamente levado para o hospital. Os médicos confirmaram que a rápida intervenção do cão salvou a vida de Gabriel.

Já Finn não se importou de ser esfaqueado para salvar a vida ao seu dono. O pastor alemão tornou-se até um dos cães mais famosos da Grã-Bretanha, no Reino Unido. Tudo aconteceu depois de salvar a vida do dono polícia, Dave, quando ambos foram esfaqueados por um homem com uma faca, em 2016. Finn foi esfaqueado duas vezes, nos pulmões e na cabeça. Mas nem assim largou o dono. Recebeu até uma medalha pelo ato de coragem no programa Britain’s Got Talent e o prémio de animal herói do ano do Daily Mirror. Este cão polícia ‘aposentou-se’ e morreu aos 14 anos, durante o sono.

E para que sejam fiéis, os animais não precisam de ser cuidados pelos seus donos durante anos. Um caso desses é o Peanut que ainda não tinha ganho uma nova família há 24 horas e já tinha salvo quem, no fundo, também lhe salvou a vida. Um dia depois de ter sido adotado, o cão – arraçado de Dogue Alemão e Pitbull – salvou a vida do novo dono, Andrew Budek-Schmeisser. O homem sofre de vários problemas de saúde graves: cancro, problemas cardíacos e até mobilidade. Apesar de já ter um cão preparado para o ajudar nestas situações, o novo amigo não tinha qualquer treino. O que não impediu de salvar Andrew que caiu, bateu com a cabeça e ficou com as vias respiratórias obstruídas. Peanut, de imediato, virou o corpo do dono, liberando as vias respiratórias. E o dono sobreviveu. Mas a ajuda, pensa-se, terá vindo de outro cão. Belle, a cadela mais antiga do tutor não tinha força para virar o homem e assume-se que os animais terão comunicado entre si.

Nem até que a morte nos separe

E há até cães que nunca abandonam os donos. Hachiko é um desses casos. Mesmo depois do dono morrer, o cão nunca – até à sua morte – largou a estação de comboios onde esperava o dono todos os dias. A sua história deu origem a filmes e livros e, apesar de nenhuma outra história ter tido esta dimensão, há muitos outros casos espalhados pelo mundo. O escocês Greyfriars Bobby — que passou 14 anos a guardar a sepultura do seu dono em Edimburgo, até à sua morte – é outro exemplo. E há mais.

Güero é um cão que acompanhava o seu dono que estava gravemente internado no Hospital de Aguascalientes, no México, mesmo sem nunca ter sabido que o dono tinha morrido. Alguns dias depois mostraram-lhe a cama para que pudesse cheirá-la. Foi depois adotado pelo Departamento de Segurança do Centro de Atendimento.

A este caso junta-se ainda Tião que se recusa sair do lugar onde viu o dono pela última vez. O cão fica todos os dias à beira do Rio Araguaia, que percorre três estados no Brasil, e não sai de lá por nada.

No ano passado soube-se ainda a história de Mates que esperava pelo dono há pelo menos três anos, sentado em frente à igreja onde o seu melhor amigo era cuidador de sinos. “Ouve os sinos, senta-se e uiva”, contam os moradores que lhe dão comida e bebida.

Diz-se muitas vezes que há pessoas que gostam mais de animais do que de outras pessoas. Será assim tão descabido?