‘El Venao’ (ou a música que toda a gente cantava ‘É Verão’)

Um dos temas que mais passou nos bares e discotecas de Verão na Península Ibérica durante anos levou ao engano a grande maioria das pessoas que o cantavam e dançavam.

Recordo-me de o ouvir pela primeira vez em Torremolinos (sul de Espanha) por volta de 1996 quando passava férias com os meus Pais mas a música foi lançada um ano antes, em 1995, pelo grupo de Santo Domingo (República Dominicana) Los Cantantes e invadiu Portugal ao ponto de muito provavelmente não haver quem da minha geração não a reconheça.

A curiosidade é que por cá nós dizíamos ‘é verão’ quando na realidade a letra diz ‘el venao’ que significa nem mais nem menos que ‘o corno’. Ora o que todos achavam ser uma canção alegre desta época do ano era apenas e só uma triste reflexão sobre a infidelidade e todos os rumores que normalmente a rodeiam.

O protagonista vivia aterrorizado com a ideia de andar a ser enganado e por isso diz repetidamente  ‘que no me digan en la esquina, el venao, el venao’. O vídeoclip é aliás sintomático disso mesmo, onde aparece o cantor com uns chifres e a suposta mulher a fingir que nada daquilo é verdade e não passa de imaginação da cabeça dele.

É por isso uma chamada de atenção sobre o impacto psicológico e emocional da traição e da desconfiança mas também da obsessão em querer acreditar numa verdade diferente daquela que está diante dos olhos de todos. Independentemente da história, fica o registo dos ritmos que abanaram muitas pistas de dança durante anos. Provavelmente o melhor mesmo é continuar a cantá-la como uma ode a esta estação.

Esse ano de 1995 fica também marcado por vários outros hits que nos fizeram vibrar e que perduram na memória de muitos. A começar pela Saturday Night dos italianos Whigfield que tinha como cantora uma miúda dinamarquesa de tranças loiras muito simpática. Começava com um icónico ‘Dee dee, na na na’ e chegou a entrar no primeiro lugar dos UK singles charts.

Por esta altura, o estilo Euro Dance dava cartas por essa Europa fora e Portugal não era excepção. Foi o caso dos também italianos Corona que cantavam The Rhythm of the night e que lançaram um álbum com o mesmo nome que foi sucesso mundial.Também neste caso houve quem se enganasse na letra e achasse que o ‘this is the rhythm of night’ era afinal uma comparação entre duas conhecidas marcas de roupa desportiva ‘is this Reebok or it’s Nike’ que virou chacota um pouco por toda a parte.

Também em 95 era lançada a Bombastic do cantor reggae que posteriormente adotou um estilo mais rap de seu nome Shaggy. Nascido na Jamaica, berço aliás deste estilo musical, a canção fala de um rapaz convencido, com a mania que impressiona todas as raparigas.

Foi ainda autor de outros temas que ficaram no ouvido como It Wasn’t me. Este era o tempo dos ecos e das distorções das vozes mas também dos sintetizadores muito característicos da Dance Music.